O que significa ser leigo? Estudando os documentos de fundação da UAC (União do
Apostolado Católico) escritos na sua maioria por São Vicente Pallotti a definição de
leigo que cheguei foi ser membro do povo de Deus. Essa definição vem de encontro
com a etimologia do termo “leigo” que é uma transcrição da palavra grega “laikós”
que por sua vez deriva da palavra “laós” palavra que tem o significado amplo de povo.
Leigo, portanto, significa no seu significado primeiro e original “alguém do povo”.
Considerando a Igreja como Povo de Deus, como ela é apresentada no Catecismo da
Igreja Católica nº 781ss, podemos concluir que todo leigo é membro do Povo de Deus,
“Laós tou Theou”.
Ser leigo, portanto, “é o elemento comum de todos na Igreja”, pelo fato de todos sermos
batizados. Os ministérios específicos que os membros do povo de Deus assumem no
seio da Igreja vêm se agregar com a sua condição de batizado leigo. O Concílio
Ecumênico Vaticano II ultrapassa anteriores interpretações prevalentemente negativas
ao afirmar a plena pertença dos fiéis leigos à Igreja e ao seu mistério e a índole peculiar
da sua vocação, a qual tem como específico “procurar o Reino de Deus tratando das
coisas temporais e ordenando-as segundo Deus” (Constituição dogmatica sobre a Igreja Lumen
gentium, 31).
Qual é a vocação do leigo? A exortação apostólica pós-sinodal Christifideles Laici de
São João Paulo II reafirma no nº 2 §4, o que disseram os padres do Concilio chamando
os fiéis leigos a trabalharem na vinha do Senhor: “O sagrado Concílio pede
instantemente no Senhor a todos os leigos que respondam com decisão de vontade,
ânimo generoso e disponibilidade de coração à voz de Cristo, que nesta hora os convida
com maior insistência, e ao impulso do Espírito Santo. De modo particular os mais
novos tomem como dirigido a si próprios este chamamento e recebam-no com alegria e
magnanimidade. Com efeito, é o próprio Senhor que, por meio deste sagrado Concílio,
mais uma vez convida todos os leigos a que se unam a Ele cada vez mais intimamente,
e, sentindo como próprio o que é d'Ele (cf. Fil 2, 5), se associem à Sua missão
salvadora. Ele quem de novo os envia a todas as cidades e lugares aonde Ele há de
chegar (cf. Lc 10, 1)” (Decreto sobre o apostolado dos leigos Apostolicam actuositatem,
33). A vocação dos leigos é assumindo a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo como a sua
vida colaborar ativamente na Sua obra de salvação. É interessante destacar duas ideias
importantes que o Concílio traz e que se assemelha bastante com a visão de São Vicente
Pallotti: a primeira que todos são chamados e enviados como trabalhadores na vinha; a
segunda, que se trata de um chamado e de um envio feitos pelo próprio Senhor, o que
vale dizer que o apostolado, a missão evangelizadora, é um direito e um dever de todos
pelo fato de chamados e de enviados pelo Senhor.
São Vicente Pallotti não se preocupa em descrever o que é ser leigo e diferencia-lo das
outras vocações. Ele prefere tratar todos os membros da UAC, seja clero ou leigo, como
cristão e despertar nos membros o ser cristão, donde, decorre o dever e também o direito
de todos ao Apostolado Católico. A concepção de Pallotti de que todos os cristãos são
chamados a serem apóstolos é parte fundamental do carisma palotino.
Como os leigos pode exercer seu apostolado? Na exortação pós-sinodal Christifideles
Laici é apresentada a missão do leigo diante de uma sociedade cada vez mais
secularizada e laicizada. É resaltado a tarefa do leigo de levar o evangelho de Nosso
Senhor Jesus Cristo não só com palavras, mas também e principalmente com o exemplo
de vida cristã. Vem de encontro a esta visão do pós Vaticano II, a Obra do Apostolado
Católico que na sua atividade apostólica dá testemunho de Cristo a todos os homens e
assim busca com todos os meios ao seu alcance a salvação eterna de toda a humanidade.
Para Pallotti os leigos são chamados a colocar todos os dons, meios e profissões a
serviço do Apostolado Católico. Todos, na respectiva posição, condição ou estado,
podem de uma ou outra forma, mas sempre com mérito, exercer na sua vida cotidiana o
apostolado de Jesus Cristo. Porque todos podem rezar e mais, tem o dever de rezar, pois
esta é a característica fundamental e distintiva de todo palotino, a vida de oração, para
dar fecundidade ao seu apostolado. Todos podem edificar religiosamente o próximo
com seu bom exemplo e, com efeito, todos podem na sua família e fora dela, nas suas
conversas, no namoro, na faculdade ou na escola, na pastoral paroquial, no seu trabalho,
no seu lazer e em todos os momentos do seu dia dar testemunho com ou sem palavras
de sua fé para salvação eterna dos seus familiares, parentes, amigos e companheiros.
Irmão Elson Carvalho, SAC
Irmão Elson Carvalho, SAC
Excelente. Texto profundamente fundamentado no Magistério, cuidadosamente citando-os. Muito elucidativo.
ResponderExcluirDeus abençoe