sábado, 28 de abril de 2018

A criança que eu fui

 
Quem se aproxima da origem se renova” Manoel de Barros

Todos os dias, me pergunto aonde deixei a criança que um dia eu fui? Essa criança que me dava à mão para caminhar quando eu ainda não sabia; que ficava ao meu lado, me transmitindo confiança, quando estava com medo de viver; que escutava as minhas inquietações e respondia-me com sabedoria. Tenho a buscado, mas aonde encontrá-la?
Perdi-me desta criança. Quando foi que isso aconteceu? Provavelmente, quando tive vergonha dela. Eu queria ser grande, autossuficiente, independente. Tolo que fui! Acaso sou Deus, para não depender de nada? Tolo que fui! Meu orgulho e minha soberba me levaram por caminhos que me distanciaram da minha origem. Ah, se eu tivesse dado o devido valor à criança que eu um dia fui, seu tivesse acreditado no pensamento de Kierkegaard que dizia que o homem seria metafisicamente grande se a criança fosse seu mestre”. Agora, saio à procura desta criança.
Busco-a nos prazeres perecíveis. Não a encontro. Encontro outras pessoas como eu, perdidas de si mesma. Busco-a no poder. Não a encontro. Encontro o abismo da finitude. Busco-a fora de mim. Não a encontro. Desespero-me, encontro com um espelho que reflete a minha imagem. Um velho rabugento, com aspecto horripilante, morto-vivo. Fujo. Mas para aonde? Para dentro de mim, há quanto tempo não ia lá!
Que medo! É um lugar estreito e profundo. Que saudade daquela criança. Se ela estivesse aqui me daria à mão e caminharia comigo. Eu me sentiria seguro para caminhar. Mas ela não está. Preciso caminhar, lá fora há um monstro.
O caminho me angustia, tenho que trilhá-lo para sair logo dele. Caminho. O caminho estreita cada vez mais. Bate uma fobia. Aperto o passo. Depois de tanto andar, sinto algo diferente. O medo dá lugar à alegria. Que alegria é essa? A alegria do parto. A alegria do nascimento. Lembro-me que tenho vida, que existo. Vejo uma luz no fim do caminho. Nasci. Encontrei a criança que eu fui. Que lindeza! Encontrei minha origem, renasci, renovei.
Esse nascer me fez despertar de um sono de morte. Aquieto o meu coração. Penso na vida, mas que vida? Essa vida que passa como o sopro? Essa vida que parece um sono da noite, que é despertado pelo amanhecer? Não penso na vida plena, eterna.
Acaso a morte é um fim? Não, a morte não é um fim, mas é uma passagem para a vida plena. É como um parto. No parto, a criança se depara com o mundo. Para a criança aquilo é o infinito, pois ela estava acostumada com o útero de sua mãe e a para ela tudo se reduzia a ele. Agora aparece um novo útero, o mundo. Ela se espanta (tháuma). Ela chora, é o seu primeiro filosofar: - “O que é isto?” (tì estin). Ela se depara com a existência. Ela sofre a paixão (páthos) pelo infinito. Essa paixão será o combustível dos seus dias, até chegar ao verdadeiro Infinito. Mas o que a morte tem haver com isso? Morrer é como o parto. Deixamos o útero deste mundo, nos deparamos com o Infinito, só que diferente do primeiro parto, não choramos mais, pois diante do Infinito não há choro, nem gemidos, mas o sorriso. Não o sorriso físico, mas o sorriso da alma. Completamos-nos e aí somos plenos. Não morremos, entramos na vida.

Irmão Elson Carvalho, SAC

sexta-feira, 20 de abril de 2018

Visita canônica à Região Mãe da Misericórdia


Geralmente falamos sobre a ‘familia palotina’, ou a fraternidade palotina, ou ainda, e simplesmente... os palotinos. Realmente somos uma família, que se estende por cerca de cinquenta países. E se somarmos as irmãs e os leigos, alguns outros países podem ser listados.
Para formar este senso de comunidade fraterna, entre nós, sacerdotes e irmãos, temos um Conselho Geral sediado em Roma, que organiza e dá diretrizes para todos nós, através de documentos, relatórios e de visitas. Sim, de visitas. 
Se num período de seis anos de governo de um Conselho Geral, pelo menos uma vez, o Reitor Geral pessoalmente ou através um dos seus cinco conselheiros deverá fazer uma visita aos irmãos consagrados, padres e seminaristas.

Assim, para cumprir esta regra e nos ajudar em nossas decisões em vista do futuro, entre os dias 16 a 30 de abril estamos recebendo a visita de dois padres do Conselho Geral, os padres Jozef Lasak e Martin Manus. O primeiro é polonês e o segundo, alemão.
Nesta ocasião os padres visitadores conversarão com cada padre e seminarista, caso fosse necessário. Em grupo se reunirão por Comunidades Locais – Rio de Janeiro, Niterói/Guapimirim/Cachoeiras de Macacu, Itaperuna, Amazônia – aproveitando para suscitar reflexões e decisões.Também em Portugal estamos recebendo esta Visita Canônica e lá, quem nos visita é o Pe. Ernesto Varela, uruguaiano.

Caros amigos e leitores, rezem por nós, para que neste período oportuno sejamos abertos ao que o Senhor nos pede através destes nossos coirmãos superiores. Que o Bom Deus nos faça compreender a Sua Vontade e nos dê a Sua coragem!  

Padre Daniel Luz Rochetti, SAC

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Um dia de espiritualidade e festa

  

No dia 07 de abril, a nossa comunidade formativa fez o retiro mensal no Carmelo de São José, como nosso Pai e Fundador que se retirava para fazer o seu retiro espiritual, nós que temos uma vida ativa, que quase não temos tempo para nos encontrar com o amado de nossa alma no silêncio. Esse retiro foi conduzido pela Madre Superiora do Carmelo, que falou para nós, seminaristas, sobre a pobreza e outros temas. Ela explicou que a pobreza não é só material, mas, também deve ser do nosso intelecto e da própria vontade para que possamos silenciar para encontrar com Deus. Falou ainda da vida de oração e da vida fraterna.


À tarde nos reunimos para uma tarde de estudos, conduzida por nosso coirmão José Luiz. Nesta formação encontramos pontos que tinham ligação com tudo o que a irmã havia falado pela manhã. Percebemos que, como nosso Pai e Fundador, devemos ter projetos para nossa vida. Uma coisa que nos marcou foi que aquele que exerce autoridade tem que ser o primeiro em tudo, tem que ser aquele que nos dará o exemplo (lembrando as palavras da Madre).


E no termino de nosso dia, fomos para a missa de dez anos de sacerdócio do Pe. Gilmar. Lembrando aquela cena de um filme chamado “Até o último homem” recordamos que o personagem principal ensina que devemos amar ao próximo como a nós mesmo; também que o amor cristão deve ser colocado em prática, vivido e não apenas uma metáfora. Assim, nos perguntamos: que se nos importamos com o outro? Ficamos fechados no nosso mundinho querendo tirar proveito de tudo? Que importância o outro têm na minha vida? Ele é apenas um meio para alcançar um fim? Nós devemos ser cristãos autênticos!


Obrigado Pe. Gilmar, pelos seus dez anos de amor e dedicação ao ministério sacerdotal e por ser esse homem que sabe se doar pelo outro mesmo com suas limitações.  



Marcelo da Silva Rodrigues, SAC