Beatos Palotinos

Beato José Jankowski (1910 -1941)

“O beato Józef Jankowski nasceu, no dia 17 de novembro de 1910, em Czyczkowy, na Pomerânia (é uma região histórica e geográfica situada no norte da Polônia e da Alemanha), e foi batizado no dia 20 do mesmo mês. No ano de 1924/25, começou a frequentar o ginásio dos Palotinos em Suchary e, em 1929, entrou na Sociedade do Apostolado Católico. No mesmo ano foi admitido no noviciado de Ottarzew. Concluído o noviciado, retornou a Wadowice para completar o curso ginasial e ali, no dia 15 de agosto de 1931, fez a primeira consagração. Ordenado sacerdote no dia 2 de agosto de 1936 em Suchary, dedicou- se à pastoral em Oftarzew e arredores. Foi catequista em duas escolas. 

Durante a ocupação alemã, permaneceu em Ottarzew, levando ajuda espiritual à população do lugar e aos soldados. No dia 31 de março de 1941, foi nomeado mestre dos noviços. No dia 16 de maio de 1941, Padre Jankowski foi preso pela Gestapo (Polícia Secreta Nazista) e levado ao cárcere, após um interrogatório de algumas horas, foi transferido para o cárcere Pawiak, em Varsóvia. Submetido a ulteriores investigações e torturas, no dia 28 de maio de 1941, num trem de prisioneiros, foi transferido para o campo de concentração de Auschwitz. Preso e deportado sucessivamente para o campo de concentração de Auschwitz, Padre Józef. Durante a sua permanência de cinco meses nesse lugar de detenção, de rigor máximo por causa do trabalho, da fome e da humilhação.

Padre Jankowski sofreu muitas mortificações, humilhações e torturas de ordem física, moral e espiritual. No dia 16 de outubro de 1941, foi preso e torturado por um chefe do campo, conhecido pela sua crueldade. Por causa dos maus tratos recebidos, Padre Jankowski morreu no mesmo dia, na repartição dos doentes para onde havia sido transportado. Contava apenas 31 anos de idade. Uma testemunha do acontecido, P. Konrad Szweda, conta: “Em condições muito graves (...), foi internado no hospital do campo. No dia seguinte fui visitá-lo, mas já estava morto, não sei se em conseqüência das pancadas recebidas ou de uma injeção letal, aplicada regularmente em Auschwitz”. 

Padre Józef, ao realizar de modo radical já na sua vida de palotino a consagração, deu prova contínua de total sacrifício da sua vida “por amor a Deus”. Conforme o testemunho do amigo, “ele declarou, explicitamente, não uma vez só, que estava pronto a dar a vida pela fé e por Deus. Não surpreende, pois, que, exposto continuamente ao perigo de vida, levasse ajuda pastoral e sanitária aos feridos e aos moribundos, durante os combates, e, depois, ele mesmo se oferecesse à polícia nazista para proteger a vida dos outros. 

No curso dos Interrogatórios - refere Pe. Józef Wrobei SAC em base às declarações de testemunhas oculares - Padre Jankowski, tanto em Oltarzew como no Pawiak, tomou sobre si toda responsabilidade, muito embora ele e os outros detentos não tivessem nenhuma culpa. Ao preço do sacrifício de si mesmo, teria querido livrar os confrades das conseqüências da prisão. A própria Gestapo ficou surpresa com seu insólito comportamento. Com essa disponibilidade de dar a vida pelos outros, no espírito do amor a Deus, concordam também as outras testemunhas respeito ao seu modo de afrontar as humilhações, os sofrimentos e as torturas da parte da Gestapo e dos cabeças do campo de Auschwitz, que o levaram inexoravelmente à morte. 

O acima mencionado Pe. Józef Wróbel, refletindo sobre o testemunho deixado por Padre Jankowski, declara: “a sua disponibilidade para sacrificar-se pelo próximo, atestada pelas obras, pelo sofrimento, pelo cárcere, pelo campo de concentração e pela morte, é mais que uma perfeita virtude; é heroísmo, é caridade heróica, que segue as pegadas daquela de Cristo, porque ‘não há maior amor que dar a própria vida por seus amigos’ (Jo 15, 13).” 

Beato José Stanek (1916-1944) 

O Beato Józef Stanek nasceu, em 4 de dezembro de 1916, em Lapsze Nine, arquidiocese de Cracóvia, e foi batizado no dia 5 do mesmo mês. Aos seis anos de idade ficou órfão de ambos os pais. Terminados os estudos no ginásio dos Palotinos em Wadowice em 1935, entrou no noviciado da Sociedade do Apostolado Católico em Suchary. No dia 15 de agosto de 1937, fez a primeira consagração e, em setembro do mesmo ano, começou os estudos seminarísticos. Foi ordenado padre em 7 de abril de 1941, quando o país já estava, há dois anos, sob o pesadelo da ocupação nazista. 

Neste clima exercitou o seu ministério pastoral, frequentando também os cursos universitários clandestinos de sociologia em Varsóvia. Depois que irrompeu a insurreição de Varsóvia, no dia 1 de agosto de 1944, cujo fim era libertar a cidade do invasor, tornou-se capelão dos insurretos. Com extraordinária dedicação cuidou dos necessitados no quarteirão de Sródmiescie e depois no de Czerniaków. Consciente de que não tinha mais sentido continuar a insurreição, Padre Józef procurou por todos os modos salvar o maior número possível de pessoas e para tal fim humanitário foi também tratar com os ocupantes. 

Foi-lhe oferecida a possibilidade de salvar-se, mas ele permaneceu com os assistidos, a fim de não privá-los da assistência religiosa. No dia 22 de setembro de 1944, após maciços ataques das forças de ocupação contra a resistência de Czerniaków, perto das onze horas, os nazistas enviaram aos insurretos uma delegação da população civil da cidade, a fim de solicitar a rendição dos combatentes. Padre Stanek, para poupar ulteriores vítimas, sempre de batina (o hábito palotino), com o subtenente “Jaszczum” (Józef Kçdzierski) foi ao comando militar para uma tentativa que não teve nenhum êxito positivo. Ao contrário, ele foi logo preso. No dia seguinte, dia 23 de setembro de 1944, sufocada a resistência no quarteirão, ele foi enforcado juntamente com duas moças, no meio das ruínas de uma fábrica, no quarteirão de Solec, diante dos olhos dos insurretos capturados e levados para a prisão. 

O fato foi descrito por algumas testemunhas oculares. O Pe. Józef Warszawski SJ, também ele capelão, capturado junto com os outros insurretos, conta: “Emergia justamente das mais profundas ruínas uma longa fila de pessoas. Vinha em nossa direção (...), precedida pelos uniformes alemães, depois dos quais vinha um padre. (...). Finalmente, consegui distinguir: era o palotino Padre Józef Stanek. Empurravam-no em nossa direção. Quando o descobriu, o pelotão de execução, não deixou de rugir com ares zombeteiros. Correndo ao encontro dele, davam-lhe socos no rosto, batendo nele até alcançar as nossas fileiras. Enquanto isso, uivavam o seu credo nazista com as palavras: - Estes são os piores! Não os Ingleses! Não os Judeus! Estes de saias pretas, estes são os diabos! Puxando-o de um lado para o outro, empurravam Padre Stanek para as ruínas próximas. E assim morreu..." 

Uma outra testemunha do massacre, a senhorita Halina Darska, completa o quadro: "No dia 23 de setembro de 1944, antes do meio-dia, os insurretos sobreviventes e a população civil de Czerniaków foram reunidos pelos Alemães entre as ruínas de uma fábrica em Solec. Vi um padre junto a um muro, vestindo batina, mas sem sapatos, com a cabeça descoberta. Os que já estavam ali informavam os outros de que era o padre 'Rudy' isto é, Padre Józef Stanek. Perto do padre foram colocadas duas moças... Após breve espaço de tempo, o padre e as duas moças foram conduzidos as ruínas do barracão, onde - das traves de ferro - pendiam já alguns dos insurretos. Os nazistas falaram com eles três, mas nós não pudemos entender o que se diziam... No momento em que nos retiravam das ruínas, as cordas já estavam postas ao pescoço das moças e do padre e se lançavam para o alto das traves. O padre ergueu visivelmente uma ou talvez as suas duas mãos, como se quisesse saudar, abençoar ou absolver os que estavam presentes no barracão, não menos que duzentas pessoas. Esta imagem do padre ficou gravada em minha memória". 

O corpo do Padre Stanek, por ordem dos militares, foi deixado por algum tempo no patíbulo, para assustar a gente obrigada a passar perto do mesmo. Desde o início da sua vida palotina, Padre Józef tinha-se empenhado em consagrar inteiramente a sua vida à glória de Deus. O seu ministério sacerdotal, que durou apenas três anos e se desenvolveu durante a ocupação nazista na contínua insegurança e na perseguição à Igreja, foi marcado pela disponibilidade a sacrificar, em cada momento, a sua vida, pela sua missão de pastor das almas e pelo amor cristão à pátria. 

Fonte: Sociedade do Apostolado Católico. Os Servos de Deus, Pe.Jósef Jankowski e Pe.Józef Stanek: “Um testemunho que não se pode esquecer”. Escrito pelo reitor geral dos Palotinos Seámus Freeman, em Roma no ano de 1999. 

Beata Elisabetta Sanna (1788-1857) 

Ela nasceu em 1788 na Sardenha, morreu com fama de santidade em Roma no dia 17/02/1857 e foi enterrada na Igreja do “SS. Salvatore in Onda”. Logo após a sua morte, sua fama de santidade se manifestou assim grandemente que, somente quatro meses mais tarde, dia 15 de Junho de 1857, iniciou a Causa de Beatificação. Foi proclamada beata no dia 17 de setembro de 2016. São Vicente Pallotti foi por 18 anos o seu orientador espiritual e a estimou muito. 

Elisabetta, sofreu a varíola três meses após o seu nascimento e não pode mais levantar os braços. Movia os dedos e os pulsos mas não podia levar com as mãos a comida à boca; não podia fazer o sinal da cruz e nem passar o pente nos cabelos, nem lavar o rosto, nem trocar a roupa, mas podia fazer o pão, enfornar e desenfornar o pão e criou e educou cinco filhos.

Não obstante o seu problema físico, foi pedida em casamento. O matrimônio foi muito feliz. Os esposos tiveram sete filhos dos quais dois morreram muito cedo. Junto aos próprios filhos Elizabetta educou crianças do seu município ensinando a elas o catecismo e preparando-as aos sacramentos. A sua casa era aberta a todas as mulheres desejosas de aprender os cantos e as orações. No início de 1825, isto é, depois de 17 anos de matrimônio, morreu o marido. Ela assumiu toda a responsabilidade da família e da administração da casa. 

Crescendo na vida espiritual, Elisabetta, sob o influxo das homilias quaresmais, decidiu-se partir, como peregrina, junto ao seu confessor Pe. Giuseppe Valle para a terra Santa. Prevendo uma breve ausência, deixou os filhos com sua mãe e o irmão sacerdote. Pediu também ajuda a um sobrinho e à algumas vizinhas. Mas, por motivo das dificuldades de receber o visto para o Oriente, em Genova, os dois peregrinos foram obrigados a interromper a viagem programada e depois ir para Roma, como peregrinos. 

Sobrevindo graves dificuldades físicas, Elisabetta não pode voltar para Sardenha. Ela confiou a Vicente Pallotti a sua direção espiritual, o qual se colocou em contato com o irmão Pe. Antonio Luigi para informar-lo que a irmã, no momento, não poderia retornar para casa via mar, mas o faria apenas se sentisse melhor. 

Ela, não podendo retornar à própria família, sofria e chorava muito, mas não desanimou; soube confiar-se a Deus, aceitar a nova situação e servir os outros, permanecendo sempre fiel às indicações do Evangelho e da Igreja. Estava muitas vezes no Hospital dos que não tinham cura e nas casas privadas para dar assistência aos doentes e confortá-los. Fazia malhas (blusas) e o dinheiro ou os diversos presentes que recebia dava aos pobres ou ajudava os órfãs nas duas casas fundadas por Pallotti; procurava levar a paz às famílias, a converter os pecadores, preparava os doentes aos sacramentos e provia os paramentos para a Igreja do “SS. Salvatore in Onda”. Ao mesmo tempo, cada dia participava de algumas Santas Missas, fazia adoração ao Santíssimo e rezava com os hospedes na própria habitação, onde numerosas pessoas buscavam os seus conselhos. Também Pe. Vicente e os primeiros palotinos se aconselhavam com ela. 

Pallotti sublinhava muitas vezes os méritos de Elisabetta no que dizia respeito a UAC. Pe. Vaccari assim se refere: “Dois são aqueles que mandaram para frente o nosso Instituto; uma pobre que é Elisabetta Sanna, como muitas vezes entendemos através de Pe. Vicente Pallotti, o outro é o Cardeal Lambruschini” (Summarium, Roma 1910, p. 145, par. 33). Ela foi testemunha da fundação da UAC e acompanhou o seu desenvolvimento por 22 anos, até a morte. fonte: sac.info