sexta-feira, 23 de agosto de 2019

“ É de pequenino que se torce o pepino”

“ É de pequenino que se torce o pepino”
    Os meus leitores, os pais, os professores e catequistas dizem que a tarefa de educar o filho não é nada fácil, aliás, alguma vez já foi fácil? Que digam os nossos pais, professores e catequistas. O povo, na sua sabedoria popular, diz: “É de pequenino que se torce o pepino”. 



Os antigos valorizavam muito a disciplina rígida para que os filhos se tornassem espelho dos pais. Sim! Havia mais respeito, mais obediência, mas também muita revolta, muita submissão violenta e até tragédias familiares. Hoje, sabemos que é necessário fazer os filhos descobrirem a si mesmos, desenvolverem o seu próprio potencial, a fim de que sejam capazes de responder a questões novas e dar respostas novas a questões antigas.
     Cada pai e mãe, professor, catequista e educador, sem sombra de dúvida, podem dizer que o gravíssimo erro na educação dos filhos é tirar todas as pedras dos sapatos deles, de idolatrá-los, mimá-los demais, colocá-los debaixo de uma abóbada de vidro, ignorar a educação religiosa e, hoje, podemos acrescentar também, incentivar amadurecimento precoce deles. Há gente que, em nome da liberdade e de uma educação sem estresse e traumas, prega que devemos dar toda liberdade para os nossos filhos. Só que aquela mesma gente ignora que a caridade e o bom senso impõem um limite a liberdade. 
Ignorância do bom senso no nosso comportamento pode transformar a liberdade em libertinagem. Por isso, por exemplo, os pais que têm preguiça de levar o seu filho na igreja correm o risco de um dia encontrá-lo na cadeia. O que fazer? A quem recorrer?  Vale a pena relembrar algumas sábias exortações do Senhor que a Bíblia com muito carinho guardou para nós:
“Ensina à criança o caminho que ela deve seguir, e até á velhice ele não se desviará” Prov 22,6.

“Quem corrige o próprio filho, depois terá satisfação, e ficará orgulhoso dele na frente dos conhecidos” Ecle 30,2.

“Quem mima o próprio filho, depois terá que lhe curar as feridas, e, a cada grito dele, suas entranhas estremecerão. O cavalo xucro se torna intratável, e o filho entregue a si mesmo se torna teimoso. Dê muito mimo a seu filho, e ele trará surpresas desagradáveis para você; siga os caprichos dele, e ele deixará você triste” Ecle 30,7-9.
Dorothy Law Nolte, uma escritora e educadora norte-americana, falecida em 2005, no seu livro: “As crianças aprendem o que vivenciam” fala sobre o poder do exemplo dos pais na educação dos filhos. Como uma educadora ela diz:
“Se as crianças vivem ouvindo críticas, aprendem a condenar. Se convivem com a hostilidade, aprendem a brigar. Se as crianças vivem com medo, aprendem a ser medrosas. Se as crianças convivem com a pena, aprendem a ter pena de si mesmas. Se vivem sendo ridicularizadas, aprendem a ser tímidas. Se convivem com a inveja, aprendem a invejar. Se vivem com vergonha, aprendem a sentir culpa. Se vivem sendo incentivadas, aprendem a ter confiança em si mesmas. Se as crianças vivenciam a tolerância, aprendem a ser pacientes. Se vivenciam os elogios, aprendem a apreciar. Se vivenciam a aceitação, aprendem a amar. Se vivenciam a aprovação, aprendem a gostar de si mesmas. Se vivenciam o reconhecimento, aprendem que é bom ter um objetivo. Se as crianças vivem partilhando, aprendem o que é generosidade. Se convivem com a sinceridade, aprendem a veracidade. Se convivem com a equidade, aprendem o que é justiça. Se convivem com a bondade e a consideração, aprendem o que é respeito. Se as crianças vivem com segurança, aprendem a ter confiança em si mesmas e naqueles que as cercam. Se as crianças convivem com a afabilidade e a amizade, aprendem que o mundo é um bom lugar para se viver.”  
Os nossos professores sempre nos diziam que “quem conta um conto, aumenta um ponto”, saboreia, então, a seguinte fábula judaica:
Três mulheres conversando ao lado de um poço. Um velho as escutava. A primeira mulher dizia: - Meu filho é muito forte, corre e pula. A segunda dizia: - O meu filho canta como os passarinhos. A terceira mulher nada dizia, então o velho perguntou: - Você não tem filhos? Ela respondeu:  - Tenho, mas ele é um menino normal como todas as crianças. As três mulheres pegaram seus potes cheios de água e foram caminhando. No meio do caminho, elas pararam para descansar e o velho homem sentou ao lado delas. 

Logo elas viram seus filhos voltando para perto delas. O primeiro vinha correndo e pulando, o segundo vinha cantando lindas canções. O terceiro não vinha pulando nem cantando, ele correu em direção à mãe pegando o pote cheio de água e levou para casa. Então as três mulheres perguntaram para o velho homem: - O que o senhor achou dos nossos filhos? E o velho homem respondeu: - Realmente, eu acabei de ver três meninos, mas vi apenas um filho...
Pe.Paulo Kowalczyk, sac

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

SER AMIGO DE DEUS PARA SER AMIGO DOS OUTROS

A pouco tempo comemoramos o dia do amigo, no dia 20 de julho. Sabemos que a amizade é algo fundamental na caminhada cristã, temos consciência de que o homem é um ser social, de que ele necessita viver em comunidade e que os laços de amizade facilitam essa socialização. Se tivermos uma boa memória, lembraremos daquela passagem dos Atos dos Apóstolos, onde se fala da primeira comunidade dos cristãos, eles eram unidos pelo laço fraterno e colocavam todos os seus bens em comum. Sendo assim, como podemos ser ou ter bons amigos?

Tudo o que procuramos de imediato numa amizade é a confiança, a fidelidade, sem isso não existe amizade. Diz a Sagrada Escritura: “um amigo fiel é uma poderosa proteção: quem o achou, descobriu um tesouro” (Eclo 6, 14). Coisa mais bela numa amizade é essa fidelidade, nem o ouro nem a prata são capazes de comprar um amigo fiel. Esse versículo nos deveria levar a seguinte reflexão: eu sou esse amigo fiel?
Se pararmos um pouco e olharmos a nossa vida, o nosso passado, muito provavelmente descobriremos que muito cobramos dos outros, mas essa mesma cobrança não se aplica a nós. Queremos a todo instante que os outros nos sejam fiéis e guardem sigilo sobre os assuntos mais importantes, mas nós não nos importamos se somos fiéis aos nossos “amigos” ou se guardamos os seus segredos. A fofoca é o veneno que mata a semente da verdadeira amizade. Portanto, o palácio da amizade é construído tendo como alicerce a fidelidade. 
Para sermos bons amigos devemos ser fiéis. Mas quem é verdadeiramente fiel senão Deus? Ele é o único que nunca nos será infiel, Ele nunca nos deixará só. Se somos alguma coisa, o somos porque Deus nos deu a graça. Deste modo, se somos fiéis é porque Deus nos faz fiel. Vemos assim que uma verdadeira amizade deve estar baseada em Deus, Como diria S. Vicente Pallotti: “Deus em tudo e sempre”.

Sendo assim, voltemos a pergunta feita no início deste texto: como podemos ser ou ter bons amigos? Mais uma vez a Palavra de Deus nos responde: “Um amigo fiel é um remédio de vida e imortalidade; quem teme o Senhor, achará esse amigo” (Eclo 6,16). Se tememos ao Senhor, acharemos e seremos um amigo fiel. Mas esse temor não quer dizer ter medo de Deus, mas saber que Ele é o Senhor de nossas vidas e de nossos dias e que sem ele nada podemos fazer. Aquele que tem o Senhor Deus como centro da própria vida encontrará esse tesouro escondido na verdadeira amizade.
Desta maneira, a maior intimidade com o Senhor nos levará a descoberta da amizade verdadeira e quem sabe um dia demostraremos o nosso amor como naquele dia que o Senhor Jesus disse aos seus amigos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (Jo 15, 12-13).

                                                                               
Felipe Batista de Oliveira SAC

terça-feira, 6 de agosto de 2019

SEMINÁRIO NOVO É HISTÓRIA NOVA

UMA IGREJA DE COMUNHÃO: Encontro com os Reitores Maiores Sul-americanos

Dos dias trinta de julho a dois de agosto ocorreu o encontro dos Reitores (Superiores) Maiores Palotinos Sul-americanos. O encontro iniciou com a celebração de bênção da nossa nova casa de formação (Seminário Maior Palotino), situada na Rua Planalto Mineiro, Vila Valqueire, Rio de Janeiro. A bênção foi dada pelo Reitor Geral da Sociedade do Apostolado Católico (Padres e Irmãos Palotinos), Pe. Jacob Nampudakam SAC, que se fez presente. O Reitor do Seminário Palotino, Pe. Daniel Luz Rocchetti SAC, fez uma alocução antes da bênção na qual recordou de todos os benfeitores, jurisdições beneméritas e padres que se empenharam na construção da nova casa de formação.  






Após a bênção ocorreu a Santa Missa de abertura do Encontro e também a Instituição do Leitorato ao confrade Bruno Bauer SAC. Instituído pelo ministério de Leitor o Ir. Bruno deve colaborar na missão confiada por Jesus a sua Igreja, que é anunciar o Evangelho a todos os povos, através desse ofício particular. Pe. Jacob SAC, presidente da celebração, disse em sua homilia que a Igreja Sul-americana possui uma característica muito particular: ser uma Igreja de Comunhão. Como palotinos devemos contribuir para que o aspecto da Igreja de Comunhão seja cada vez mais preservado e promovido, portanto, a nossa Região não deve ser um aglomerado de paróquias ou demais serviços isolados, mas deve viver a identidade comunitária, que já é presente em nosso carisma, porém precisa ser reforçada. 


No fim do encontro, os Reitores ficaram muito agradecidos pela acolhida e alegres por terem conhecido o Rio de Janeiro. Cada um recebeu algumas lembranças de nossa cidade, que levaram para os seus lugares de proveniência. E não parou por ai, nossa casa na outra semana já foi sede do encontro dos Superiores Maiores Palotinos da America do Sul e que terminou de maneira bem reavivante.


 Pe. Jacob Nampudakam SAC ao final do encontro desejou ter um encontro conosco (seminaristas) e se baseou em quatro pontos. Esses quatro pontos tem por função uma amorosa exortação dele para conosco acerca de como devemos observar a vida de palotinos.

1º PONTO: A Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo.
São Vicente Pallotti deixou escrito os 33 pontos fundamentais de nossa Regra. O primeiro ponto é “A regra de nossa mínima congregação é a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo, para imitá-lo com humildade e confiança [...]”. Conforme dito pelo Pe. Geral, temos de a cada dia recordar que a Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo é o nosso primeiro passo para nos transformarmos em bons palotinos. Certa vez os primeiros companheiros de Pallotti pediram um estatuto, ele apenas respondeu “tendes o evangelho, basta”, isso deve ser efetivo também para nós hoje.

2º PONTO: Somos Palotinos na Igreja.
Seguindo as palavras do Pe. Jacob, Deus inspirou em São Vicente Pallotti um dom para a Igreja, ele experienciou o Amor Infinito, a Misericórdia Infinita de Deus. A experiência com Deus foi o caminho para Pallotti e também deve ser o nosso. 
Todos nós, chamados por Deus, experimentamos um dia o Amor Infinito. Toda resposta que damos na nossa vocação é uma resposta ao Amor Infinito, será a própria experiência que cada um tem com Deus. Essa resposta é dada no serviço a Igreja, na escuta do grito do povo. O palotino deve ser aquele que ouve os gritos do povo de Deus, da Igreja; e a Igreja deve servir. 
São Vicente foi na Igreja um Apóstolo e Místico. Carecemos sentir no coração o espírito palotino e não abandoná-lo jamais, é esse espírito que caracteriza a nossa presença na Igreja. Portanto, fazer tudo como palotinos, como comunidade palotina para a Igreja.

3º PONTO: Formação.
Um palotino nunca está cem por cento formado. A formação palotina é permanente. Vivenciar os primeiros anos da formação no seminário é fundamental para que, de acordo com sucessor de Vicente Pallotti, possamos alcançar o objetivo cristão e palotino: conformar a nossa vida com a Vida de Jesus Cristo. A nossa meta é ser semelhante a Jesus. Precisamos ser humildes, ter uma vida de sacrifício, sem o espírito de sacrifício não alcançamos o progresso. 
Também é importante fazer justiça na Graça de Deus. A Justiça. É preciso desenvolver em nós a Justiça de Deus. É preciso que sejamos palotinos de grande coração, generosos, bons e justos. A consagração é uma expressão de nossa sincera generosidade e gratidão a Deus.

4º PONTO: Missionariedade.
Por fim, o Garantidor do Carisma Palotino rememorou-nos que temos também uma espiritualidade missionária, pois seguimos a imagem de Jesus Cristo Apóstolo (Enviado) do Eterno Pai, ou seja, somos agentes para a continuidade da Obra de Salvação feita por Jesus. 
A Missão de Jesus Cristo foi compartilhar a vida do Pai. Somos pastores e o povo nos espera, precisamos estar voltados para o povo de Deus, principalmente para os pobres e crianças. Um palotino é feliz quando se dedica a transmitir a Missão de Jesus ao povo. 
É significativo estarmos atentos que não estamos sozinhos, “isolados no Rio de Janeiro”. Ser Palotino-Missionário é notar que estamos em comunidade, a missão engrandece a comunidade. 

Pe. Jacob Nampudakam SAC conclui o encontro dizendo que carecemos fazer tudo com o coração cheio de generosidade; que tudo está relacionado à Graça de Deus e que é necessário dar Glória a Deus oferecendo a ele tudo o que fazemos. A generosidade de coração e graças a Deus!

Ir. Bruno Bauer SAC

e Nov. Rafael Rios