sexta-feira, 4 de maio de 2018

O sacerdócio e a devoção mariana em São Vicente Pallotti



Na continuidade das reflexões motivadas pelo bicentenário da ordenação sacerdotal de São Vicente Pallotti, vou me deter em um aspecto significativo da vida e da atividade apostólica dele, a saber, a sua filial, terna e apaixonada veneração a Maria Santíssima. “Grande devoto de Nossa Senhora, ele desejava amá-la infinitamente, se fosse possível, dar-Lhe os títulos mais belos, amá-La com o amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Iluminados por este trecho da homilia pronunciada por São João Paulo II, na ocasião em que celebrou a Eucaristia, na Igreja romana de São Salvador da Onda, centro espiritual da fundação palotina, queremos ocupar-nos do ministério sacerdotal de São Vicente Pallotti e sua devoção mariana.

Apoiando-nos nos ombros de gigantes, nós, que somos pequenos, podemos desnudar horizontes mais distantes e amplos, como nos ensina uma famosa e antiga máxima. Nesta breve reflexão, não será diferente. Contudo, muito distante está o nosso esforço da acuidade destes grandes homens, de modo que o ponto de partida se deu com leituras de grandes autores palotinos, como o Pe. João Batista Quaini, SAC, de saudosa memória, Pe. Jacob Nampudakam, SAC, o próprio São Vicente Pallotti e tantos outros grandes sacerdotes e consagrados que, pelos seus escritos e palavras, ajudaram-nos na inspiração e na fundamentação desta pequena contribuição.


São Vicente Pallotti, por meio de seus escritos, ensina-nos que há uma estreita relação entre o reto exercício do ministério sacerdotal e a devoção mariana. Para nosso fundador, Maria era Mãe, Mestra e Advogada, contudo é a imagem de Maria como Mestra da vida espiritual que desempenha um papel fundamental em sua vida sacerdotal. A mestra da escuta, do silêncio e da oração estava ali presente no Cenáculo, como nos recorda o Padre Geral dos palotinos, Jacob Nampudakam. Naquele momento crucial para a Igreja nascente, ela confortou e encorajou os apóstolos que haviam deixado que o desespero e o medo trancassem as portas de seu coração. Trancadas também estavam as portas daquela “sala de cima”, onde eles ainda podiam sentir-se seguros, à sombra da lembrança dos fatos que ali presenciaram.

Em Pentecostes, a Virgem Santíssima, como esposa diletíssima do Espírito Santo, abre as portas dos corações dos Apóstolos, para que estes passem de discípulos amedrontados a pregadores intrépidos da boa nova do Reino! O mesmo deseja ela hoje aos seus filhos prediletos, os presbíteros: “Vede, filhos, o Pregador do Evangelho deve ser como trovão de Deus, que salutarmente comove os corações dos infelizes escravos do pecado” (São Vicente Pallotti – “Mês de Maio para Eclesiásticos”). E aos sacerdotes que se perderam em meio a questionamentos e crises, Pallotti se dirige por meio de Maria, dizendo: “Acaso duvidais da vocação divina? Não fiqueis apavorados, filhos meus! Sabeis bem o que deveis fazer para remediar, mas estais com medo porque nunca vos empenhastes, pra valer, em corrigir-vos? Mesmo assim, alegrai-vos! Pois, agora chegou o tempo, este é o momento! Porque já não tereis coragem de resistir à voz do Pai das Misericórdias e aos remorsos da consciência. Dai-me vosso coração rebelde! Desligai-o de todo laço terreno, que miseravelmente vos levou até agora a resistir à graça e impediu que vos entregásseis inteiramente a Deus, para corrigir todas as desordens” (São Vicente Pallotti – “Mês de Maio para Eclesiásticos”).


Como se vê, é em sua obra o “Mês de maio para os eclesiásticos”, que São Vicente Pallotti melhor expõe os seus ensinamentos sobre a importância da presença de Maria Santíssima na vida sacerdotal. Fazendo-o de forma singular, Vicente Pallotti põe na boca de Maria, a Mãe de todos os sacerdotes, ensinamentos salutares aos que são chamados a tal estado sublime. Todo sacerdote deve, portanto, deixar-se tocar de forma profunda pela devoção à “Mãe de Deus e nossa”. São Vicente Pallotti, de forma muito lúcida e sóbria, esclarece no que consiste a verdadeira devoção à Virgem Maria, a saber: imitar seu Filho Jesus Cristo e dela aprender esta imitação. Por isso, imitar a Maria Santíssima, que é pura transparência de seu Filho, é o melhor modo de imitar a Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, o Apóstolo do Eterno Pai .

O Padre Geral, em seu pequeno livro sobre “O Espírito sacerdotal segundo São Vicente Pallotti”, aponta que, na escola de Maria, o sacerdote deve aprender, como ensina Pallotti: a imitar a obediência da filha amadíssima do Eterno Pai, no cumprimento da sua vocação; a fecundidade espiritual da Mãe do Verbo Encarnado, e assim multiplicar os filhos da Igreja; e a fidelidade da enamoradíssima Esposa do Espírito Santo, em seu sagrado ministério. O Padre Jacob Nampudakam ainda recorda que, aos sacerdotes, a Virgem Maria prometeu proteger e auxiliar em seu ministério, bem como fez na vida de São Vicente, de modo a despertar, nestes mesmos corações sacerdotais, a confiança e a entrega total. Assim, sob a proteção da Rainha dos Apóstolos, alcancem os sacerdotes, por sua intercessão materna, a graça de exercerem um digno ministério, dispostos a dar a vida pela Glória de Deus e a salvação das almas.

José Luiz Alves da Silva Junior, SAC

fonte: https://pallotti.com.br/noticia/bicentenario-da-ordenacao-de-sao-vicente-pallotti/

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