Em
nossa casa de formação, num programa que nos cadencia mensalmente, temos um
Retiro, qual tempo de silencio e de recolhimento. Desligamo-nos de muita coisa,
mesmo que por breve tempo e, usando uma linguagem atual, nos conectamos conosco
mesmos, com os irmãos de comunidade e com Nosso Senhor. Este principalmente,
pois um retiro é o tempo propício para nos conectarmos com Ele, Senhor e
Salvador!
Assim,
no dia 04 de março fizemos nosso Retiro Mensal. A comunidade se reuniu para
rezar, celebrar, silenciar, partilhar e experimentar de novo a graça, qual água
revigorante, que nos permite e sustenta no caminho.
No
citado documento, o processo formativo é identificado em etapas que precisam
ser assimiladas pelo formando em vista de um objetivo claro. Neste processo
formativo, o objetivo final é, pela graça e pelo esforço, uma configuração com
Jesus Cristo. De fato, as etapas formativas são assim identificadas: o primeiro
ano, propedêutico, é um período de formação inicial; depois, o tempo dos
estudos filosóficos é identificado como ‘tempo de discipulado’ e o tempo dos
estudos teológicos, é chamado de ‘tempo de configuração’ e por fim, acontece o
tempo da síntese, seja ela vocacional como pastoral.
Todo
o tempo de formação, portanto – que é inicial
enquanto o jovem está numa casa de formação, e que se torna permanente quando o mesmo é ordenado e
assume responsabilidades – é um tempo de discipulado em vista da assunção dos
traços e características do Mestre... uma verdadeira configuração a Ele.
Parafraseando o próprio Nosso Senhor que disse “quem me vê, vê o Pai”, deve-se
afirmar do sacerdote: “quem me vê, vê o Cristo”! Deverá ser assim sempre na
vida de um padre!
Mas,
a qual imagem do Cristo o sacerdote deve configurar-se?
Pois
bem, o Cristo é Cabeça da Igreja, e por isso, o sacerdote deve sê-lo também,
enquanto chefe, administrador e autoridade. Mas o Cristo é também um Pastor, e
por isso o sacerdote deve buscar a destreza e a dedicação típicas de um pastor que
é empenhado com seu rebanho. Mais: o Cristo é Servo e por tanto o sacerdote
também o é! O Cristo é, ainda, Esposo, como escreve São Paulo em sua carta aos
Efésios, e assim, o sacerdote deve ser o esposo que entrega a si mesmo à sua
esposa, a Igreja-Comunidade, para cuidá-la e torná-la linda e perfeita.
Mas
a imagem a qual o sacerdote deverá sempre buscar configuração, mais do que
aquelas ali citadas, é a imagem de Cristo Crucificado.
São
Paulo escreve aos Colossenses a partir de sua própria experiência: "Agora me alegro nos sofrimentos
suportados por vós. O que falta às tribulações de Cristo, completo na minha
carne, por seu corpo que é a Igreja. Dela fui constituído ministro, em virtude
da missão que Deus me conferiu de anunciar em vosso favor a realização da
palavra de Deus, mistério este que esteve escondido desde a origem às gerações
(passadas), mas que agora foi manifestado aos seus santos. A estes quis Deus
dar a conhecer a riqueza e glória deste mistério entre os gentios: Cristo em
vós, esperança da glória! A Ele é que anunciamos, admoestando todos os homens e
instruindo-os em toda a sabedoria, para tornar todo homem perfeito em Cristo.
Eis a finalidade do meu trabalho, a razão por que luto auxiliado por sua força
que atua poderosamente em mim" (Col 1, 24 – 29).
O
sacerdote deve configurar-se ao Cristo, e este Crucificado! Ao sacerdote é
pedido, portanto, uma entrega total de si, onde o sacrifício não lhe é
estranho, mas algo diário, constante, quase que ordinário... completando em sua
própria carne a dor que faltou na dor do corpo de Cristo, lá, crucificado e
morto, por si e pela Igreja!
Caros
leitores, rezem por nós! Rezem para que sejamos bons sacerdotes no futuro e ser
bom, neste caso, é ser crucificado diariamente em pequenos sacrifícios pelo bem
da Igreja. Rezem para que aprendamos, desde já, a entregarmos nossos
desconfortos e para que Ele, já, vá cinzelando em nós Sua imagem.
Pe. Daniel Luz Rocchetti SAC - Reitor do Seminário Maior Palotino (RJ)
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