Inúmeras
vezes, ouvimos a palavra espiritualidade, mas nem sempre compreendemos o que
ela quer dizer. Segundo Pe. Ludwig Münz, SAC, por espiritualidade entendemos,
de modo geral, as ideias e obras espirituais e religiosas, as convicções que
determinam a atitude e a conduta fundamental de um homem perante a vida. A
espiritualidade inspira e dá significado à vida do homem. É certo que, no fundo,
existe uma espiritualidade cristã única, que perpassa a vida de cada batizado. Ela
é como a fisionomia espiritual da pessoa humana, é algo pessoal, pois, cada um
possui a sua própria espiritualidade. É daí que nascem as diversas escolas de
espiritualidade cristã, que são as expressões individuais da maneira própria de
homens e mulheres relacionarem-se com Deus e de viverem a santidade.
Existem,
portanto, diversas escolas de espiritualidade, e algumas são muito conhecidas,
como: a franciscana, a carmelita, a beneditina, etc.
Nós,
palotinos, também temos uma espiritualidade própria. Existe um jeito palotino
de ser cristão. Sem dúvida, esse modo de seguir a Cristo é inspirado na vida e
no pensamento de São Vicente Pallotti, porém não tem por objetivo fazer de nós
réplicas ou miniaturas de Pallotti. Ao contrário, a finalidade da
espiritualidade palotina é nos levar a imitar a vida de Cristo, como era o desejo
de São Vicente Pallotti, segundo ele, bastava o Evangelho, como regra de vida: “Tendes
o Evangelho e isso basta!”.
A
espiritualidade palotina se fundamenta na figura de Cristo Apóstolo do Eterno
Pai. No entanto, para entender esse título, é necessário compreender o que
significa ser apóstolo. Apóstolo é aquele que é enviado, e quem é enviado
sempre o é para realizar uma missão, e a essa missão denominamos apostolado.
Cristo é o Enviado - o Apóstolo - do Eterno Pai, para salvar a humanidade, o
próprio Jesus diz no Evangelho de S. João: “não vim para condenar o mundo, mas
para salvá-lo” (Jo 12, 47). Portanto, o apostolado de Cristo é a redenção dos homens.
Segundo padre Marcos J. Miszewski, SAC, a espiritualidade em São Vicente
Pallotti está essencialmente vinculada às pessoas, ou seja, “para melhor imitar
a Cristo, precisamos ter sede de salvar almas” (Pallotti).
Afinal,
o preceito da caridade ordena a todos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo como a nós mesmos. Portanto, somos obrigados a buscar a salvação eterna
do nosso irmão como também da nossa, com todos os meios que temos ao nosso
alcance. Para cumprir tal mandamento, devemos imitar a Jesus Cristo, a sua vida
santíssima – que é o seu apostolado, e deve ser o modelo do apostolado de cada
um de nós. A imitação de Cristo é a finalidade e o método da espiritualidade palotina.
Para que todos atinjam este fim, Pallotti recomenda um método eficaz, a imitação
de Cristo, por meio da Memória Prática Cotidiana. Assim ele explica em seus
escritos:
“Chama-se
MEMÓRIA: porque devemos recordar sempre a obrigação que temos de imitar a Nosso
Senhor Jesus Cristo;
Chama-se
PRÁTICA, porque a obrigação tão preciosa deve ser cumprida de fato, no pensar,
no falar, no agir e principalmente na moderação dos afetos do próprio coração.
Chama-se
COTIDIANA, porque tão santa obrigação não é de um só dia, nem de um só mês, nem
de um só ano, [...] mas de cada dia, até a hora da morte...” (OOCC III, 34-35)
Para
São Vicente Pallotti, a imitação de Cristo torna-se uma obrigação e o sustento
de nossa espiritualidade. Ela é a coluna vertebral da qual todo o resto depende. Outro aspecto da nossa espiritualidade é a devoção à
Maria, Rainha dos Apóstolos, e à Sagrada Família de Nazaré. Tais elementos nos
conduzem a um modo palotino de ser Igreja, que, por meio da vivência
comunitária e da missão, nos ajuda a encarnar em nossa vida aquilo que muitos
já cantavam, quando criança: “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar
como Jesus pensou, viver como Jesus viveu, sentir o que Jesus sentia, sorrir
como Jesus sorria...”
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