segunda-feira, 28 de julho de 2014

A imitação de Cristo e a Espiritualidade Palotina

Inúmeras vezes, ouvimos a palavra espiritualidade, mas nem sempre compreendemos o que ela quer dizer. Segundo Pe. Ludwig Münz, SAC, por espiritualidade entendemos, de modo geral, as ideias e obras espirituais e religiosas, as convicções que determinam a atitude e a conduta fundamental de um homem perante a vida. A espiritualidade inspira e dá significado à vida do homem. É certo que, no fundo, existe uma espiritualidade cristã única, que perpassa a vida de cada batizado. Ela é como a fisionomia espiritual da pessoa humana, é algo pessoal, pois, cada um possui a sua própria espiritualidade. É daí que nascem as diversas escolas de espiritualidade cristã, que são as expressões individuais da maneira própria de homens e mulheres relacionarem-se com Deus e de viverem a santidade.

Existem, portanto, diversas escolas de espiritualidade, e algumas são muito conhecidas, como: a franciscana, a carmelita, a beneditina, etc.

Nós, palotinos, também temos uma espiritualidade própria. Existe um jeito palotino de ser cristão. Sem dúvida, esse modo de seguir a Cristo é inspirado na vida e no pensamento de São Vicente Pallotti, porém não tem por objetivo fazer de nós réplicas ou miniaturas de Pallotti. Ao contrário, a finalidade da espiritualidade palotina é nos levar a imitar a vida de Cristo, como era o desejo de São Vicente Pallotti, segundo ele, bastava o Evangelho, como regra de vida: “Tendes o Evangelho e isso basta!”.

A espiritualidade palotina se fundamenta na figura de Cristo Apóstolo do Eterno Pai. No entanto, para entender esse título, é necessário compreender o que significa ser apóstolo. Apóstolo é aquele que é enviado, e quem é enviado sempre o é para realizar uma missão, e a essa missão denominamos apostolado. Cristo é o Enviado - o Apóstolo - do Eterno Pai, para salvar a humanidade, o próprio Jesus diz no Evangelho de S. João: “não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12, 47). Portanto, o apostolado de Cristo é a redenção dos homens. Segundo padre Marcos J. Miszewski, SAC, a espiritualidade em São Vicente Pallotti está essencialmente vinculada às pessoas, ou seja, “para melhor imitar a Cristo, precisamos ter sede de salvar almas” (Pallotti).

Afinal, o preceito da caridade ordena a todos: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Portanto, somos obrigados a buscar a salvação eterna do nosso irmão como também da nossa, com todos os meios que temos ao nosso alcance. Para cumprir tal mandamento, devemos imitar a Jesus Cristo, a sua vida santíssima – que é o seu apostolado, e deve ser o modelo do apostolado de cada um de nós. A imitação de Cristo é a finalidade e o método da espiritualidade palotina. Para que todos atinjam este fim, Pallotti recomenda um método eficaz, a imitação de Cristo, por meio da Memória Prática Cotidiana. Assim ele explica em seus escritos:

“Chama-se MEMÓRIA: porque devemos recordar sempre a obrigação que temos de imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo;
Chama-se PRÁTICA, porque a obrigação tão preciosa deve ser cumprida de fato, no pensar, no falar, no agir e principalmente na moderação dos afetos do próprio coração.
Chama-se COTIDIANA, porque tão santa obrigação não é de um só dia, nem de um só mês, nem de um só ano, [...] mas de cada dia, até a hora da morte...” (OOCC III, 34-35)

Para São Vicente Pallotti, a imitação de Cristo torna-se uma obrigação e o sustento de nossa espiritualidade. Ela é a coluna vertebral da qual todo o resto depende. Outro aspecto da nossa espiritualidade é a devoção à Maria, Rainha dos Apóstolos, e à Sagrada Família de Nazaré. Tais elementos nos conduzem a um modo palotino de ser Igreja, que, por meio da vivência comunitária e da missão, nos ajuda a encarnar em nossa vida aquilo que muitos já cantavam, quando criança: “Amar como Jesus amou, sonhar como Jesus sonhou, pensar como Jesus pensou, viver como Jesus viveu, sentir o que Jesus sentia, sorrir como Jesus sorria...”     


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