MEMÓRIA PRÁTICA COTIDIANA PARA IMITAR A NOSSO SENHOR JESUS CRISTO NA OBSERVÂNCIA DAS SANTAS REGRAS E CONSTITUIÇÕES (OO CC III, 34-35.39; Cf. Documentos de Fundação, p. 322ss.)
Todo cristão de alguma prática de piedade gosta, em geral, da idéia
de imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo. Poucos são, porém, os que efetiva e
constantemente cuidam em fazê-lo. Poucos se preocupam com isso. Dentre os que o
fazem, porém, quanto mais se deixam penetrar deste religioso propósito, tanto mais
aspiram a imitá-lo e tanto mais cresce neles o amor para com Nosso Senhor Jesus
Cristo. E, com o crescimento do amor, cresce também a confiança na graça
necessária para imitá-lo e a noção da própria indignidade de alcançar tal
graça, noção que, entretanto, dispõe a recebê-la sempre mais copiosa. E estes
são os poucos que se esforçam por imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo.
A fim de que, entre estes poucos, se contem todos os atuais e
futuros Sacerdotes, Clérigos, Coadjutores da nossa mínima Congregação, se
antepõe às Regras a presente Memória Prática Cotidiana, ou antes, insiste-se em
que se a tenha também em separata, em folheto à parte da Regras, para lê-la
muitas vezes a todo o momento oportuno.
Chama-se MEMÓRIA: porque devemos recordar sempre a obrigação
que temos de imitar a Nosso Senhor Jesus Cristo;
Chama-se PRÁTICA, porque obrigação tão preciosa deve
ser cumprida de fato, no pensar, no falar, no agir e principalmente na
moderação dos afetos do próprio coração.
Chama-se COTIDIANA, porque tão santa obrigação não é de
um só dia, nem de um só mês, nem de um só ano, nem só dos anos de Noviciado,
mas de cada dia, até a hora da morte, com perfeição e fervor crescentes, à
medida que esta hora terrível vá se aproximando
Se todos os cristãos são obrigados a imitar a Cristo,
com quanto maior fervor, diligência e perfeição devemos imitá-Lo nós que temos
o dom de ter como Regra Fundamental da nossa mínima Congregação a própria vida
de Cristo e, juntamente com tal dom na Congregação cada dia inumeráveis graças
especiais para imitá-Lo?
Nas várias circunstâncias do dia, portanto, antes de
dar início aos trabalhos, devemos considerar quais seriam em tal caso ou ação
os pensamentos da mente santíssima de Cristo, quais os afetos de seu coração
Divino.Tendo de falar, devemos considerar quais palavras de humildade, de
mansidão, de caridade, de paciência e de prudência Cristo diria. Reflitamos
também como seriam moderadas ou medidas as suas palavras, nem demasiadas e nem
muito poucas.
E ao servirmo-nos do alimento e da bebida, da roupa ou de qualquer outra coisa necessária para a vida, devemos considerar qual terá sido a pureza de intenção e moderação usadas por Cristo. Tenha-se a mesma atitude no momento do repouso e da recreação ou lazer. Resumidamente, em tudo devemos imitar e imaginarmos ver a Cristo, e reavivando a fé devemos recordar o Homem-Deus feito nosso exemplar, modelo e regra prática de toda nossa vida interior e externa, e confiando na sua graça onipotente devemos fazer tudo da melhor maneira possível e com a máxima diligência, atenção, fervor e humildade confiando na graça de Cristo, com amor sem limites. Dons que ele quer nos comunicar em abundância a fim de que possamos imitá-Lo.
Pois, uma alma que crê em Jesus Cristo e que se esforça, com humildade e confiança, por imitá-lo, alcança que Ele destrua nela todas as deformidades e todas as faltas. Entra nessa alma Jesus Cristo, opera nela Jesus Cristo, continua sua vida nela Jesus Cristo. Ele vive nela e lhe aplica o mérito de suas ações santíssimas. E, desta forma, verifica-se o que diz Jesus Cristo: ‘Quem crê em mim, fará as obras que faço e fará ainda maiores que estas’ (Jo 14,12). E é realmente verdade, porque é Jesus Cristo que em nós faz tudo. Por isso, de si dizia o Apóstolo S. Paulo: ‘Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim’ (Gl 2, 20)
Fonte: Linhas mestras da
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