"Seguindo o exemplo dos Magos, com as nossas pequenas luzes, procuramos a Luz."
Os Magos souberam superar aquele perigoso momento de escuridão junto de Herodes, porque acreditaram nas Escrituras, na palavra dos profetas que indicava Belém como o local do nascimento do Messias. Assim escaparam do torpor da noite do mundo, retomaram a estrada para Belém e lá viram de novo a estrela, sentindo uma «enorme alegria» (Mt 2,10).
Entre os vários aspectos da luz, que nos guia no caminho da fé, inclui-se também uma santa «astúcia». Trata-se daquela sagacidade espiritual que nos permite reconhecer os perigos e evitá-los. Os Magos souberam usar esta luz feita de «astúcia» quando, no caminho de regresso, decidiram não passar pelo palácio tenebroso de Herodes, mas seguir por outra estrada. Estes sábios vindos do Oriente ensinam-nos o modo de não cair nas ciladas das trevas e defender-nos da obscuridade que teima em envolver a nossa vida. É preciso acolher no nosso coração a luz de Deus e, ao mesmo tempo, cultivar aquela astúcia espiritual que sabe combinar simplicidade e argúcia, como Jesus pede aos discípulos: «Sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (Mt 10, 16).
Na festa da Epifania, em que recordamos a manifestação de Jesus à humanidade no rosto dum Menino, sentimos ao nosso lado os Magos como sábios companheiros de estrada. O seu exemplo ajuda-nos a levantar os olhos para a estrela e seguir os anseios grandes do nosso coração. Ensinam-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre, sem «grandes vôos», mas a deixarmo-nos sempre fascinar pelo que é bom, verdadeiro, belo... por Deus, que é tudo isso elevado ao máximo! E ensinam-nos a não nos deixarmos enganar pelas aparências, por aquilo que, aos olhos do mundo, é grande, sábio, poderoso. É preciso não se deter aí. Não se deve contentar com a aparência, com a fachada. É preciso ir mais além, rumo a Belém, onde, na simplicidade duma casa de periferia, entre uma mãe e um pai cheios de amor e de fé, brilha o Sol nascido do alto, o Rei do universo. Seguindo o exemplo dos Magos, com as nossas pequenas luzes, procuramos a Luz.
2014-01-06 Rádio Vaticana
«Lumen requirunt lumine». Esta sugestiva frase dum hino
litúrgico da Epifania refere-se à experiência dos Magos: seguindo uma luz, eles procuram a
Luz. A estrela aparecida no
céu acende, nas suas mentes e corações, uma luz que os move à procura da grande
Luz de Cristo. Os Magos seguem fielmente aquela luz, que os penetra interiormente,
e encontram o Senhor.
Neste percurso dos Magos do Oriente, está simbolizado o
destino de cada homem: a nossa vida é um caminhar, guiado pelas luzes que
iluminam a estrada, para encontrar a plenitude da verdade e do amor, que nós,
cristãos, reconhecemos em Jesus, Luz do mundo. E, como os
Magos, cada homem dispõe de dois grandes «livros» donde tirar os sinais para se
orientar na peregrinação: o livro da criação e o livro das Sagradas Escrituras.
Importante é estar atento, velar, ouvir Deus que nos fala. Como diz o Salmo,
referindo-se à Lei do Senhor: «A tua palavra é farol para os meus passos e luz
para os meus caminhos» (Sal 119/118, 105). E, de modo especial, o ouvir o
Evangelho, lê-lo, meditá-lo e fazer dele nosso alimento espiritual permite-nos
encontrar Jesus vivo, ter experiência d’Ele e do seu amor.
A primeira leitura faz ressoar, pela boca do profeta Isaías,
este apelo de Deus a Jerusalém: «Ergue-te e sê iluminada!» (60, 1). Jerusalém é
chamada a ser a cidade da luz, que irradia sobre o mundo a luz de Deus e ajuda
os homens a seguirem os seus caminhos. Esta é a vocação e a missão do Povo de
Deus no mundo. Mas Jerusalém pode falhar a esta chamada do Senhor. Diz-nos o
Evangelho que, chegados a Jerusalém, os Magos deixaram de ver a estrela durante
algum tempo. Em particular, a sua luz está ausente no palácio do rei Herodes:
aquela habitação é tenebrosa; lá reinam a escuridão, a desconfiança, o medo. Efetivamente
Herodes mostra-se apreensivo e preocupado com o nascimento de um frágil Menino,
que ele sente como rival. Na realidade, Jesus não veio para derrubar um
miserável fantoche como ele, mas o Príncipe deste mundo! Todavia o rei e os
seus conselheiros sentem fender-se os suportes do seu poder, temem que sejam
invertidas as regras do jogo, desmascaradas as aparências. Todo um mundo construído sobre o
domínio, o sucesso e a riqueza é posto em crise por um Menino! E Herodes chega ao ponto de matar
os meninos: «Matas o corpo das crianças, porque o temor te matou o coração»,
escreve São Quodvultdeus (Sermão 2 sobre o Símbolo: PL 40, 655).
Os Magos souberam superar aquele perigoso momento de escuridão junto de Herodes, porque acreditaram nas Escrituras, na palavra dos profetas que indicava Belém como o local do nascimento do Messias. Assim escaparam do torpor da noite do mundo, retomaram a estrada para Belém e lá viram de novo a estrela, sentindo uma «enorme alegria» (Mt 2,10).
Entre os vários aspectos da luz, que nos guia no caminho da fé, inclui-se também uma santa «astúcia». Trata-se daquela sagacidade espiritual que nos permite reconhecer os perigos e evitá-los. Os Magos souberam usar esta luz feita de «astúcia» quando, no caminho de regresso, decidiram não passar pelo palácio tenebroso de Herodes, mas seguir por outra estrada. Estes sábios vindos do Oriente ensinam-nos o modo de não cair nas ciladas das trevas e defender-nos da obscuridade que teima em envolver a nossa vida. É preciso acolher no nosso coração a luz de Deus e, ao mesmo tempo, cultivar aquela astúcia espiritual que sabe combinar simplicidade e argúcia, como Jesus pede aos discípulos: «Sede, pois, prudentes como as serpentes e simples como as pombas» (Mt 10, 16).
Na festa da Epifania, em que recordamos a manifestação de Jesus à humanidade no rosto dum Menino, sentimos ao nosso lado os Magos como sábios companheiros de estrada. O seu exemplo ajuda-nos a levantar os olhos para a estrela e seguir os anseios grandes do nosso coração. Ensinam-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre, sem «grandes vôos», mas a deixarmo-nos sempre fascinar pelo que é bom, verdadeiro, belo... por Deus, que é tudo isso elevado ao máximo! E ensinam-nos a não nos deixarmos enganar pelas aparências, por aquilo que, aos olhos do mundo, é grande, sábio, poderoso. É preciso não se deter aí. Não se deve contentar com a aparência, com a fachada. É preciso ir mais além, rumo a Belém, onde, na simplicidade duma casa de periferia, entre uma mãe e um pai cheios de amor e de fé, brilha o Sol nascido do alto, o Rei do universo. Seguindo o exemplo dos Magos, com as nossas pequenas luzes, procuramos a Luz.
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