São Vicente Pallotti
e seu sentimento de confiança
Muitas pessoas, ao longo da vida, foram profundamente traídas em seus relacionamentos e vivem envoltas em um sentimento de desconfiança e desamor. Tudo é motivo para desanimar, acreditando que nada vai dar certo.Sentem-se ingratas, pecadoras, tristes e abatidas. A partir dessa realidade humana, convido-o a meditar com São Vicente Pallotti (1795-1850) sobre a confiança no amor e na misericórdia de Deus. Pallotti, pela sua profunda experiência de Deus, tem muito a ensinar a homens e mulheres do século XXI.
São Vicente Pallotti, ao longo de suas meditações em seu livro "Deus, o Amor Infinito " (1849), comenta sobre a sua realidade pessoal de ingratidão e de pecado. Fixa-se, porém, na confiança no amor infinito e na misericórdia infinita. Mas, à luz da fé, pela mesma vossa amorosíssima e infinita misericórdia, pelos méritos infinitos de Jesus Cristo, pelos méritos e intercessão de Maria santíssima, de todos os anjos e santos, tenho a firme confiança de que, por meio dos coros angélicos, misericordiosamente, me tendes comunicado e copiosamente me quereis comunicar, mas também conceder-me-eis graças tanto mais abundantes e eficazes quanto maior for a minha indignidade, sempre no sentido de que eu me valha do vosso infinito amor e da vossa infinita misericórdia, como é da vossa vontade (p. 91-92). E se a alma, que possui o Reino do amor de Deus, tiver, com humildade, amor e confiança, a intenção explícita de fazer tudo por todas as finalidades boas que agradem a Deus em tudo – elas são tantas que nós nem chegamos a compreender! – a alma merecerá, digamos, tantos paraísos à parte, isso é, o paraíso com tantos graus de glória quantos sejam os motivos bons pelos quais pense, fale e opere por amor de Deus (p. 93).
Nisso se compreende que ele depositou totalmente a confiança em Deus, bem como nos méritos de Jesus Cristo, que foi entregue aos homens (na Encarnação) pelo Pai, para a salvação de todos (cf. Jo 3, 16-17). Conta com as intercessões de Maria Santíssima, dos Anjos e dos santos para agradar a Deus e viver sempre na graça, ao ponto de ser transformado no amor pleno. Corresponder com amor ao amor infinito de Deus é a ideia que sustenta toda a vida espiritual. O amor é como uma consequência da percepção da imagem de Deus no homem. Com isso, percebe-se sua certeza de fé em Deus e a confiança de ser agraciado independentemente das suas incorrespondências. Dessa maneira, o santo se interroga: "Meu Deus, como poderei corresponder aos exageros do vosso amor que em cada momento age infinitamente sobre mim? Por mim mesmo não sou capaz de nada" (p. 239).
A confiança é fruto de uma experiência de Deus que ele vivenciou ao longo de sua vida. A conclusão dessa manifestação mística deu a São Vicente Pallotti a certeza de que Deus é amor infinito e o ama incondicionalmente. Assim, escreveu o padre palotino Achylle Rubin: "Se ele me ama, também me perdoa e, se me ama e me perdoa, eu posso confiar nele; e, se posso confiar nele, desaparecem em mim os temores". O salmista declara sua confiança em Deus: "Iahweh é minha luz e minha salvação: de quem terei medo? Iahweh é a fortaleza de minha vida: frente a quem temerei?" (Sl 27, 1). Confessa Achylle Rubin: "Invade-me um sentimento de alegria e de paz. A confiança também me dá uma sensibilidade grande para perceber que ele age em mim, na comunidade, na história, no mundo". É essa a confiança de nosso santo, que brotou duma experiência profunda de Deus amor infinito em sua vida.
O evangelista Mateus, ao relatar o sentimento da comunidade, diz que a confiança no Senhor tem seu fundamento na promessa de presença constante: "Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e o chamarão com o nome de Emanuel, o que traduzido significa: "Deus está conosco" (Mt 1, 23). Também em Mateus 18,20: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estarei no meio deles". Ainda, a promessa perene do Senhor ressuscitado é reafirmada no último versículo: "Eis que estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!" (Mt 28,20). Jesus Cristo sempre está e estará com aqueles que assumem segui-lo até o fim dos tempos. Essa promessa é sinal e motivo de confiança naquele que ama, chama e envia.
Para concluir, o salmista compara o homem que confia em Deus com uma árvore plantada na beira de um rio: "Ele é como árvore plantada junto a riachos: dá seu fruto no tempo devido e suas folhas nunca murcham; em tudo o que ele faz é bem-sucedido" (Sl 1,3).
Pe. Judinei José Vanzeto, SACO autor, colaborador da Revista Rainha dos Apóstolos,
é padre palotino da Província N. Sra. Conquistadora
do site: www.pallotti.com.br
é padre palotino da Província N. Sra. Conquistadora
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