quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Testemunho do nosso irmão Bruno Gonzales sobre o RENASCEM





Com imenso júbilo e alegria aconteceu nos dias 09 a 13 de julho, na Diocese de Duque de Caxias, na Casa São Francisco de Assis, o RENASEM (Ministério para Seminaristas da Renovação Carismática Católica). Ele iniciou-se às 19h00 com a Santa Missa na Catedral de Santo Antônio presidida pelo bispo diocesano Dom Tarcísio.
Os dias de retiro espiritual foram para mim como uma verdadeira experiência de Cenáculo, pois pude perceber que fazer experiência com o Espírito Santo é renovar sempre em nós a chama do amor de Deus; é recordar e atualizar que um dia fomos chamados pelo próprio Cristo a dar continuidade à missão salvífica do Reino de Deus, buscando a salvação das almas e propagando o amor de Deus em todo o mundo. É importante lembrar que nossa espiritualidade palotina é propriamente a vivência do Cenáculo e a regra fundamental da nossa mínima congregação é a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, como São Vicente Pallotti nos ensina, somos convidados a fazer a experiência de estar em Cenáculo, buscando sempre ser preenchidos pelo amor e pela graça de Deus, para reavivar a fé e reacender a caridade, esperando um dia que haja um só rebanho e um só Pastor.
Durante o retiro, o Pe. Alexandre Paccioli (pregador do retiro e diretor espiritual do Seminário da Arquidiocese do Rio de Janeiro), incentivou e levantou grandes reflexões como a vida de santidade, a vida de oração, o discernimento vocacional e ainda, como buscar exercícios para um bom combate espiritual. Partilho com vocês algumas reflexões que marcaram profundamente em minha caminhada formativa.
Na manhã de terça-feira o pregador do retiro começou pregando sobre o “Buscar as coisas santas” e reforçou o que o Papa Pio XI disse uma vez em uma de suas encíclicas: “Nós tocamos as coisas santas”. Levantou em mim um grande e forte desejo de santidade, a ter sempre sede do Espírito Santo! Escutar o ideal de santidade e não deixar esfriar a chama, o fogo de Deus em mim. Eu não posso estar no mesmo estado de vida que entrei no seminário. Sou um homem que escuta as bem-aventuranças. Não posso apenas ficar olhando para os santos e imitá-los; o meu chamado de santidade é diferente do deles! Ele é particular! É imitação da vida de Nosso Senhor Jesus Cristo!
 Na quarta-feira fui convidado a experimentar o verdadeiro amor de Filiação dado por Deus. Se houverem apegos quando vier a faltar o amor, nós iremos certamente buscar um amor humano e não aquele de Deus. Só o amor de Deus nos basta! E o que significa só o amor de Deus nos basta? Significa além de tudo viver bem a virtude da temperança, ou seja, ter medida de todas as coisas e entender que o amor misericordioso de Jesus nos preenche de todo vazio. Deus acima de todas as coisas, como dizia Pallotti: “Deus, Deus, Deus... Deus em tudo e sempre”.
Todo desejo de santidade deve começar pelo bem dos mais próximos de nós. O desejo de salvar almas está em mim? Será que tenho consciência da pessoa que está próxima a mim?  Será que ela vai me tornar mais santo? É uma responsabilidade da minha vida como batizado e um dever como consagrado a Deus. Muitas pessoas dependem de nossa palavra para receber uma cura, um conforto espiritual que muitas vezes não têm. Somos pontes que levam as pessoas a conhecer Jesus Cristo, o único Deus e Senhor dos senhores. Somos pastores de almas. Não conhecemos o rebanho, mas o Senhor escolhe o rebanho a ser dado a nós. Devemos sempre rezar pelas almas do purgatório, mas principalmente pelas pessoas que pedem por socorro. Como está meu jejum e oração por aquela pessoa que está precisando de uma libertação? Enfim, fui chamado por Deus para continuar a missão salvífica de Cristo, para cooperar na obra do Apostolado Católico... obra esta deixada por São Vicente Pallotti.
No penúltimo dia, já quinta-feira daquela semana, fui convidado a recordar o chamado que Deus fez a mim e como vencer, com Cristo, as batalhas espirituais. Percebi que os desafios da vida religiosa são para minha purificação e santificação.
Foram muitas as experiências que pude fazer nesses dias, e sempre recordo a importância de voltar ao primeiro amor. Renovar meu chamado à vida sacerdotal. Como foi o primeiro dia do chamado que Jesus fez a mim? Como foi o momento em que Jesus passou no mar da Galileia e me chamou? Quem estava ali? Foi muito importante voltar a esse primeiro lugar, voltar e escutar o chamado que Ele me fez um dia e lembrar de todas as situações que o Senhor esteve presente em minha vida e o quanto Ele é presente no meio de nós. Eu precisei renovar a essência do meu chamado. Para que Jesus me chamou? Para que minhas mãos sejam as mãos de Jesus, as minhas palavras sejam as palavras de Jesus. Jesus quer santos e santos mártires! Sou grão de trigo e preciso morrer (Jo 12,24). “O sangue dos mártires é semente dos cristãos”. Jesus me convida ao martírio e eu preciso ter um rosto diferente, o rosto de Cristo chagado.
Lá, naqueles dias, aprendi que talvez irei sofrer um martírio não físico, mas moral, e que é a minha comunidade que mais precisa do meu martírio, do meu testemunho, da minha entrega. Esse grão de trigo precisa morrer agora, precisa ser molhado agora, assim como foi molhado por alguns mártires. Eu quero ser como Cristo. Não como Pedro foi, mas como o mundo vai fazer de mim sendo um pastor de almas. Somos sacerdotes de Jesus Cristo para que a redenção de Jesus seja levada a todas as almas. Para que Deus me quer consagrado a Ele? Para que Deus me quer como sacerdote? Para ter vida boa? Não! Quero ser amigo do sofrimento! Amigo da cruz de Cristo! Devo me perguntar: aonde Deus está me chamando ao martírio? Em que situações Deus está me chamando ao martírio? Vivemos num tempo em que necessita de muitos martírios para compreender que Deus existe. Quando falamos de ser amigo de Deus fugimos da cruz. Não podemos negar que Cristo foi crucificado e morreu por nós. O Senhor crucificado está batendo hoje na minha porta, no meu coração, para que eu morra por Ele e viva por Seu Espírito. O desejo do sacrifício leva-me a santificar-me por Ele.
O momento central da Santa Missa, que é a Oração Eucarística, é o momento no qual Cristo se dá em corpo e sangue por nós. E eu? Irei dar meu corpo e meu sangue à Jesus? Devemos retomar o amor à Santa Cruz. Quero ser sacerdote segundo o coração de Jesus? Assim, em tudo ser de Deus! Todo louvor que for dado aqui será uma chama nova de amor de Deus. Não quero dar o melhor para as pessoas, mas sim a minha vida. O caminho da amizade com a cruz vai me trazer uma alegria que ninguém tira. Ninguém!
Ofereço ao desagravo Coração de Jesus e com Maria todas as dores. Sou muito grato a Deus e aos padres formadores da Sociedade do Apostolado Católico, que tiveram a iniciativa e que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse fazer mais uma vez uma experiência com Jesus e com Maria Santíssima, aquela que é Esposa do Espírito Santo.

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