Com imenso júbilo e
alegria aconteceu nos dias 09 a 13 de julho, na Diocese de Duque de Caxias, na Casa São Francisco de Assis,
o RENASEM (Ministério para Seminaristas da Renovação Carismática Católica). Ele
iniciou-se às 19h00 com a Santa Missa na Catedral de Santo Antônio presidida
pelo bispo diocesano Dom Tarcísio.
Os dias de retiro espiritual foram para mim como uma verdadeira
experiência de Cenáculo, pois pude perceber que fazer experiência com o
Espírito Santo é renovar sempre em nós a chama do amor de Deus; é recordar e
atualizar que um dia fomos chamados pelo próprio Cristo a dar continuidade à
missão salvífica do Reino de Deus, buscando a salvação das almas e propagando o
amor de Deus em todo o mundo. É importante lembrar que nossa espiritualidade
palotina é propriamente a vivência do Cenáculo e a regra fundamental da nossa
mínima congregação é a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim, como São
Vicente Pallotti nos ensina, somos convidados a fazer a experiência de estar em
Cenáculo, buscando sempre ser preenchidos pelo amor e pela graça de Deus, para
reavivar a fé e reacender a caridade, esperando um dia que haja um só rebanho e
um só Pastor.
Durante o retiro, o Pe. Alexandre Paccioli (pregador do retiro e diretor
espiritual do Seminário da Arquidiocese do Rio de Janeiro), incentivou e levantou
grandes reflexões como a vida de santidade, a vida de oração, o discernimento
vocacional e ainda, como buscar exercícios para um bom combate espiritual.
Partilho com vocês algumas reflexões que marcaram profundamente em minha
caminhada formativa.
Na manhã de terça-feira o pregador do retiro começou pregando sobre o
“Buscar as coisas santas” e reforçou o que o Papa Pio XI disse uma vez em uma
de suas encíclicas: “Nós tocamos as coisas santas”. Levantou em mim um grande e
forte desejo de santidade, a ter sempre sede do Espírito Santo! Escutar o ideal
de santidade e não deixar esfriar a chama, o fogo de Deus em mim. Eu não posso
estar no mesmo estado de vida que entrei no seminário. Sou um homem que escuta
as bem-aventuranças. Não posso apenas ficar olhando para os santos e imitá-los;
o meu chamado de santidade é diferente do deles! Ele é particular! É imitação da
vida de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Na quarta-feira fui convidado a
experimentar o verdadeiro amor de Filiação dado por Deus. Se houverem apegos
quando vier a faltar o amor, nós iremos certamente buscar um amor humano e não aquele
de Deus. Só o amor de Deus nos basta! E o que significa só o amor de Deus nos
basta? Significa além de tudo viver bem a virtude da temperança, ou seja, ter
medida de todas as coisas e entender que o amor misericordioso de Jesus nos
preenche de todo vazio. Deus acima de todas as coisas, como dizia Pallotti:
“Deus, Deus, Deus... Deus em tudo e sempre”.
Todo desejo de santidade deve começar pelo bem dos mais próximos de nós.
O desejo de salvar almas está em mim? Será que tenho consciência da pessoa que
está próxima a mim? Será que ela vai me
tornar mais santo? É uma responsabilidade da minha vida como batizado e um
dever como consagrado a Deus. Muitas pessoas dependem de nossa palavra para
receber uma cura, um conforto espiritual que muitas vezes não têm. Somos pontes
que levam as pessoas a conhecer Jesus Cristo, o único Deus e Senhor dos
senhores. Somos pastores de almas. Não conhecemos o rebanho, mas o Senhor
escolhe o rebanho a ser dado a nós. Devemos sempre rezar pelas almas do
purgatório, mas principalmente pelas pessoas que pedem por socorro. Como está
meu jejum e oração por aquela pessoa que está precisando de uma libertação?
Enfim, fui chamado por Deus para continuar a missão salvífica de Cristo, para
cooperar na obra do Apostolado Católico... obra esta deixada por São Vicente
Pallotti.
No penúltimo dia, já quinta-feira daquela semana, fui convidado a
recordar o chamado que Deus fez a mim e como vencer, com Cristo, as batalhas
espirituais. Percebi que os desafios da vida religiosa são para minha
purificação e santificação.
Foram muitas as experiências que pude fazer nesses dias, e sempre
recordo a importância de voltar ao primeiro amor. Renovar meu chamado à vida
sacerdotal. Como foi o primeiro dia do chamado que Jesus fez a mim? Como foi o
momento em que Jesus passou no mar da Galileia e me chamou? Quem estava ali?
Foi muito importante voltar a esse primeiro lugar, voltar e escutar o chamado
que Ele me fez um dia e lembrar de todas as situações que o Senhor esteve
presente em minha vida e o quanto Ele é presente no meio de nós. Eu precisei
renovar a essência do meu chamado. Para que Jesus me chamou? Para que minhas
mãos sejam as mãos de Jesus, as minhas palavras sejam as palavras de Jesus.
Jesus quer santos e santos mártires! Sou grão de trigo e preciso morrer (Jo
12,24). “O sangue dos mártires é semente dos cristãos”. Jesus me convida ao
martírio e eu preciso ter um rosto diferente, o rosto de Cristo chagado.
Lá, naqueles dias, aprendi que talvez irei sofrer um martírio não
físico, mas moral, e que é a minha comunidade que mais precisa do meu martírio,
do meu testemunho, da minha entrega. Esse grão de trigo precisa morrer agora,
precisa ser molhado agora, assim como foi molhado por alguns mártires. Eu quero
ser como Cristo. Não como Pedro foi, mas como o mundo vai fazer de mim sendo um
pastor de almas. Somos sacerdotes de Jesus Cristo para que a redenção de Jesus
seja levada a todas as almas. Para que Deus me quer consagrado a Ele? Para que
Deus me quer como sacerdote? Para ter vida boa? Não! Quero ser amigo do sofrimento!
Amigo da cruz de Cristo! Devo me perguntar: aonde Deus está me chamando ao
martírio? Em que situações Deus está me chamando ao martírio? Vivemos num tempo
em que necessita de muitos martírios para compreender que Deus existe. Quando
falamos de ser amigo de Deus fugimos da cruz. Não podemos negar que Cristo foi
crucificado e morreu por nós. O Senhor crucificado está batendo hoje na minha
porta, no meu coração, para que eu morra por Ele e viva por Seu Espírito. O desejo
do sacrifício leva-me a santificar-me por Ele.
O momento central da Santa Missa, que é a Oração Eucarística, é o
momento no qual Cristo se dá em corpo e sangue por nós. E eu? Irei dar meu
corpo e meu sangue à Jesus? Devemos retomar o amor à Santa Cruz. Quero ser
sacerdote segundo o coração de Jesus? Assim, em tudo ser de Deus! Todo louvor
que for dado aqui será uma chama nova de amor de Deus. Não quero dar o melhor
para as pessoas, mas sim a minha vida. O caminho da amizade com a cruz vai me
trazer uma alegria que ninguém tira. Ninguém!
Ofereço ao desagravo Coração de Jesus e com Maria todas as dores. Sou
muito grato a Deus e aos padres formadores da Sociedade do Apostolado Católico,
que tiveram a iniciativa e que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse
fazer mais uma vez uma experiência com Jesus e com Maria Santíssima, aquela que
é Esposa do Espírito Santo.
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