O
APOSTOLADO DOS LEIGOS
Nov. Marco Antonio Gomes
“Todos ficaram repletos do
Espírito Santo” (At 2, 4)
Ao
ler esta passagem logo remetemos a imagem do Cenáculo. Exatamente este aspecto
que quero ressaltar nesta meditação. Ao visualizar o quadro que São Vicente Pallotti
pediu para ser pintados, observa-se alguns detalhes peculiares próprios da
espiritualidade Palotina, muitas das vezes passadas despercebidas. Este é o
primeiro ponto a ser destacado.
Sintaticamente,
analisa-se que o núcleo do sujeito desta oração consiste em “todos”.
Considera-se este núcleo como um pronome indefinido, significa: completo;
íntegro; que não deixa nada de fora; a que não falta parte alguma, qualquer;
como subst. masculino: conjunto; totalidade; massa; generalidade; a humanidade.
Pelo próprio significado da palavra, alcançamos o objetivo da espiritualidade
Palotina. Será exatamente neste núcleo que nos
deteremos para reflexão. Ressaltar a presença dos “demais” neste Cenáculo de
Jerusalém e seus frutos hoje.
Se nos transportarmos para o momento de
Pentecostes, veremos que este local está fechado, pois estávamos todos com
medo. Maria Santíssima está ao centro, serena, em um espírito próprio oracional.
Há também, alguns apóstolos ao seu lado, Pedro e João, os mais próximos,
buscando também essa sintonia espiritual. Porém, se ampliarmos a nossa ótica,
observa-se que havia muitas outras pessoas, tantas delas naquele local, algumas
ainda buscando essa harmonia de oração, mas também, tantas outras dispersas,
despreocupadas.... Quando acontece o prometido e inesperado, a vinda do Paráclito.
Como línguas de fogo descem e nos tocam. “Todos ficaram repletos do Espírito
Santo”.
Vale
rever, “nos tocam”. Todos, sem exceção, grandes e pequenos, foram tocados pelo
Espírito Santo. Maria, os apóstolos e os demais. E quem são esses demais? São
os discípulos, seguidores, admiradores, leigos, cooperadores de Jesus.
Mantendo
este contexto, gostaria de colocar o foco em duas figuras que São Vicente
Pallotti fez questão de inserir em tal quadro, as duas leigas, representando
todos os leigos, toda a humanidade.
“Pallotti recebeu a imagem de um Cenáculo
pintada por um artista alemão. Ele tomou essa imagem, mas mandou colocar duas
mulheres dentro dele... Pallotti quis ir à fonte bíblica do Cenáculo, no qual Maria
está com os Apóstolos, mas também com outras mulheres e irmãos. O texto diz que
estavam reunidas umas 120 pessoas (At 1, 14-15)... Portanto, não é a Rainha dos
doze, da Igreja hierárquica, mas a Rainha de TODOS os homens e mulheres, de
TODA a Igreja, de TODA a comunidade cristã. A imagem da Rainha dos Apóstolos de
Pallotti nos transmite um conceito de igreja... A imagem da Rainha dos
Apóstolos, de Pallotti, não é algo acessório ou secundário. O que ele queria
dar entender, o que ele mesmo queria era uma visão de Igreja da qual NÓS
fazemos parte. ”
A ousadia do santo não se limitou nesta
retratação, mas nos inseriu neste mesmo contexto quando também diz: “Cada um
que coopera na difusão da fé em seu estado, de acordo com as suas forças,
confiante na graça divina, de acordo com as suas possibilidades, merece o nome
de ‘apóstolo’. Tudo quanto fizer para este fim é seu apostolado. ”
Isto é, tal acontecimento não permaneceu
estático no tempo e no espaço. “Podemos imaginar a alegria luminosa e simples,
a fraternidade jovial, a serenidade serviçal e o fervor da oração dessa assembleia
que tem Maria como centro catalisador. Esse é o clima que queremos também
formar e sentir nestes dias. E não só nestes dias, mas sempre e em todas as
nossas comunidades e casas. ”
·
O Espírito
Santo nos faz crescer no conhecimento do mistério de Cristo;
·
Faz
experimentar Deus e nossa filiação divina;
·
Dá-nos a
paz, alegria e felicidade;
·
Ele é o
formador da comunidade;
·
Dá-nos
coragem, a força e a alegria para testemunhar o fato de ser cristão católico;
·
Proporciona
a verdadeira liberdade;
·
O Espírito
Santo faz da prática da religião uma coisa gostosa, leve e libertadora;
·
O Espírito
nos conduz com segurança a Deus.
Precisamos perceber o Espírito Santo também
que se renova em nós. Devemos REconhecer,
pois Ele nos alcançou no batismo, e clamar Sua vinda em nossas atividades.
Deste modo, a cada manhã, ao acordarmos, podemos nos perguntar: Espírito Santo,
o que faremos JUNTOS hoje? Tudo o que fazemos e somos é movido por Ele.
Bibliografia
BÍBLIA,
Sagrada de Jerusalém. São Paulo:
Paulus, 2012.
BURIN, Pe. Aguinelo, SAC. Cenáculo. In: Horizontes Palotinos, volume 2. Santa Maria: Biblos, 2009.
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