O Santo Padre fala ao plenário da Congregação para o Clero: vocação, formação e evangelização
Cidade do Vaticano, (Zenit.org) Rocio Lancho García | 489 visitas
Vocação, formação e evangelização são as três palavras-chave que o papa Francisco destacou nesta manhã para os participantes da Assembleia Plenária da Congregação para o Clero, a quem recebeu em audiência.
Falando da vocação ao ministério sacerdotal, o papa a comparou com o "tesouro escondido no campo", que Deus põe desde sempre no coração de alguns homens, eleitos por Ele e chamados a segui-lo neste estado de vida. "Quem é chamado ao ministério não é 'dono' da sua vocação, mas administrador de um dom que Deus lhe confiou para o bem de todo o povo, de todos os homens, inclusive dos que estão longe da prática religiosa e não professam a fé em Cristo". Ao mesmo tempo, "toda a comunidade cristã é guardiã do tesouro destas vocações, destinadas ao seu serviço, e deve ser cada vez mais consciente da tarefa de promovê-las, acolhê-las e acompanhá-las com afeto".
O papa Francisco recordou que a formação "é a resposta do homem, da Igreja ao dom de Deus, esse dom que Deus dá através das vocações". A este respeito, ele advertiu que a formação não é um ato unilateral com o qual se transmitem noções teológicas ou espirituais; "a formação oferecida por Cristo aos seus discípulos foi através de um 'vem e segue-me'".
Assim, ele afirmou que a formação da qual falamos é uma experiência de discipulado, que nos aproxima de Cristo e nos permite ajustar-nos cada vez mais a Ele. É uma tarefa que não tem fim, porque os sacerdotes não deixam nunca de ser discípulos de Jesus e de segui-lo. Portanto, a formação no discipulado "acompanha toda a vida do ministro ordenado e envolve integralmente a sua pessoa, intelectual, humana e espiritualmente".
O pontífice abordou também o tema da evangelização. "Cada vocação é para a missão e a missão dos ministros ordenados é a evangelização, em todas as suas formas", disse o papa. Os sacerdotes estão unidos numa fraternidade sacramental e "a primeira forma de evangelização é o testemunho de fraternidade e de comunhão entre eles e com o bispo". Na missão de evangelização, disse o Santo Padre, "os presbíteros são chamados a aumentar a consciência de ser pastores, enviados para estar no meio do rebanho, para deixar o Senhor presente através da Eucaristia e para oferecer a sua misericórdia".
Francisco recordou o quanto é bonito ver sacerdotes felizes na sua vocação, "com uma serenidade de fundo, que os sustenta mesmo nos momentos de cansaço e de dor". Mas isto "não acontece nunca sem a oração, a do coração, o diálogo com o Senhor... que é o coração, por assim dizer, da vida sacerdotal".
O papa enfatizou que "precisamos de sacerdotes; faltam vocações. Nosso Senhor chama, mas não é suficiente. E os bispos têm a tentação de aceitar sem discernimento os jovens que se apresentam". Isto é um mal para a Igreja, disse Francisco, pedindo que se estude bem o percurso de uma vocação, "examinando-se bem se é [um chamado] do Senhor, se esse homem é sadio, se esse homem é equilibrado, se esse homem é capaz de dar a vida, de evangelizar, se esse homem é capaz de formar uma família e renunciar a tudo para seguir Jesus".
"Hoje nós temos muitos problemas, e em muitas dioceses, por causa deste erro de alguns bispos de aceitar esses homens, que às vezes não são expulsos dos seminários ou das casas religiosas porque se precisa de sacerdotes". O Santo Padre pediu que se "pense no bem do povo de Deus".
Para encerrar o discurso, o bispo de Roma afirmou que "uma vocação cuidada mediante uma formação permanente, na comunhão, se torna um instrumento poderoso de evangelização, a serviço do povo de Deus".
(03 de Outubro de 2014) © Innovative Media Inc.
fonte: http://www.zenit.org/pt/articles/francisco-aceitar-vocacoes-sem-discernimento-e-um-mal-para-a-igreja
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