quinta-feira, 17 de maio de 2018

Homilia para a Santa Missa em ocasião dos 200 anos de Ordenação Sacerdotal de São Vicente Pallotti

 
Há 200 anos, na Basílica de São João de Latrão em Roma, era ordenado sacerdote o nosso querido São Vicente Pallotti. Hoje, dia 16 de maio de 2018, distante tantos anos daquele importante dia, todos os palotinos e palotinas espalhados pelo mundo, agradecem a Deus o dom da vida e do ministério sacerdotal deste nosso querido pai. 
Providencialmente as leituras de hoje nos enquadram numa temática sacerdotal. A primeira leitura dos Atos dos Apóstolos nos conta a despedida de Paulo da comunidade de Éfeso e suas instruções aos anciãos daquela comunidade pois logo após seria preso e condenado. Ele exorta aos anciãos: “Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos colocou como guardas, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o sangue do seu próprio Filho” (At 20, 28). Já o Evangelho nos relata a Oração Sacerdotal de Jesus, na qual Nosso Senhor ora e intercede pelos Seus discípulos de todos os tempos. Desta oração poderíamos até mesmo extrair um trecho e colocá-lo nos lábios de Pallotti, tal qual Jesus disse: “Consagra-os na verdade; a tua palavra é verdade. Como tu me enviaste ao mundo, assim também eu os enviei ao mundo. Eu me consagro por eles, a fim de que eles também sejam consagrados na verdade” (Jo 17, 17-19). De fato, Pallotti buscou a Deus e traçou um caminho de santidade, na verdade e na experiência de misericórdia, por si e por todos os seus, ou seja, por todos nós, palotinos e palotinas. 

Na recorrência desta festividade, o atual Superior Geral, Pe. Jacob Nampudakam SAC escreveu um breve artigo ao jornal oficial da Santa Sé, o L´Osservatore Romano. Neste breve artigo, o Pe. Jacob sublinha a grande ligação existente em Pallotti entre o Sacerdócio e a Eucaristia: de fato, para ele, Pallotti encontrava todo o deleite e toda a sua força ministerial na experiência eucarística. E deveria ser assim também na vida de cada palotino... 

Porém, um detalhe chamou a atenção de muitos leitores deste artigo. Nele, Pe. Jacob escreveu que, das anotações do Fundador pelos dias de sua ordenação sacerdotal, se concluía que o Santo tinha claras as atividades sacerdotais: celebrar a Eucaristia, pregar a Palavra, confessar as pessoas, visitar os doentes... não obstante um padre recém ordenado... Mais tarde - escreve Pe. Jacob - mais precisamente oito anos depois, em 1826, num retiro espiritual, Pallotti reconhece que o Seu sacerdócio era herança do Sacerdócio Eterno de Nosso Senhor Jesus Cristo.  

Vimos aqui, apontado pelo Pe. Geral, que São Vicente Pallotti cresce em seu entendimento sacerdotal; ou melhor, aprofunda-se na compreensão acerca do seu sacerdócio: se numa primeira hora ele estava quase que identificado às tarefas, ao realizar, ao fazer sacerdotal (celebrar, pregar, visitar, confessar), depois de um tempo, numa intimidade profunda, Pallotti reconhece que o seu Ser deveria ser sacerdotal enquanto enxertado em Jesus Cristo Sacerdote, já que o sacerdócio o qual foi investido era o mesmo Eterno e Infinito Sacerdócio de Jesus. 

Pallotti, portanto, compreende que o agir de um padre, tão importante ao ponto de definir e identificar alguém num primeiro momento da vida sacerdotal acaba por ser quase que suplantado por uma clareza e um deslumbre maior do Mistério Divino a que ele foi - e qualquer jovem padre - é constantemente, pela Igreja, revestido: o mistério da ordenação sacerdotal que derrama sobre o ordenado uma graça especial para ser herdeiro e continuador do Infinito e Eterno Sacerdócio de Nosso Senhor Jesus Cristo, para poder agir, doar-se, viver e morrer como Ele mesmo.   
Caros amigos e irmãos, um padre não se define pelo que ele faz, mesmo que isto seja tão importante e necessário. O fazer não é o que lhe define. O que o caracteriza e define é o que ele é: outro Cristo Sacerdote, que se oferece ao Pai, por Si e pelos outros. Sempre.  


Pe. Daniel Luz Rocchetti, SAC - Reitor do Seminário Maior Palotino (RJ) 

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