sexta-feira, 15 de junho de 2012

BEATO JÓZEF JANKOWSKI SAC

fonte: NOTICIÁRIO UAC (outubro e novembro de 2011)
 
MEMBROS DA UAC PROCLAMADOS BEATOS

Depois de ter  informado os leitores do Noticiário da UAC sobre as Causas de Beatificação da Família Palotina (Notícias da UAC desde Março de 2010 até Setembro de 2011), agora queria lembrar as figuras de dois seguidores de São Vicente Pallotti que foram proclamados beatos: Józef Jankowski e Józef Stanek.
     
JANKOWSKI, Józef (José) beato mártir, padre Palotino, nasceu no dia 17 de Novembro de 1910 em Czyczkowy na Pomerânia (Polônia), foi batizado dia 20 de Novembro de 1910. No ano letivo de 1924/1925 iniciou a freqüentar o ginásio dos Palotinos em Suchary e em 1929 entrou na Sociedade do Apostolado Católico. Em 5 de Agosto de l931 fez sua primeira consagração palotina em Wadowice. Ordenado sacerdote dia 2 de Agosto de l936, dedicou-se ao trabalho pastoral; foi catequista em duas escolas. 

No início da Segunda Guerra Mundial deu uma grande ajuda espiritual e material para muitas pessoas (civis) e curou os soldados feridos. Em 31 de Março de 1941 foi eleito mestre de noviços. Preso pela Gestapo no dia 16 de Maio de 1941, foi deportado para o campo de concentração de Auschwitz onde, no dia 16 de Outubro de 1941, foi morto cruelmente por guardas do campo. Ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II, juntamente com outros 107 mártires da Igreja da Polônia, no dia 13 de Junho de 1999 em Varsóvia.
               
 A documentação  anexada ao Processo de Beatificação nos apresenta a pessoa de José como um sacerdote que, com uma perseverança e coerência extraordinárias realizou o seu programa de  santidade a exemplo de São Vicente Pallotti. O seu caminho espiritual pode ser caracterizado pelas mesmas palavras que ele escreveu em uma carta dirigida a seu irmão um ano antes da ordenação sacerdotal: "Meu ideal, naturalmente, deve abraçar Deus, o próximo e a mim mesmo ... e disto, o motivo principal é o amor de Deus ... Desejo amar Deus mais do que a minha vida“.

Na realização deste ideal, um valor especial para ele, era  o culto Eucarístico e a confiança filial à Mãe de Deus. No seu ato de consagração à Virgem Maria, lemos: “Maria, Virgem Santíssima, Rainha dos Apóstolos, minha Mãe amantíssima, desejo amar-te ... Tu és Mãe do Divino Amor. Preencha o meu coração do amor de Deus. Preencha-me do Espírito Santo, como preencheste  o nosso Pai e Fundador ... Espero que me confiarás muitas, muitas almas. Minha vida seja destruída  para que governe no mundo o Teu Reino, para que domine no mundo o Reino de Cristo, Teu diletíssimo Filho”. A sua fé e a riqueza de sua personalidade encontrava expressão em seu ministério pastoral, que pode desenvolver no decorrer de apenas cinco anos. As testemunhas por unanimidade colocam em evidência o seu grande zelo pastoral inspirado no amor a Deus e ao próximo, a sua religiosidade, o seu trabalho, sua responsabilidade, prudência, justiça mas, sobretudo a sensibilidade para com os mais necessitados do povo, que o levava até mesmo a gestos heróicos.

Durante sua permanência de cinco meses no campo de extermínio de Auschwitz, um lugar de máxima penalidade de trabalho, de fome e de humilhação, Padre José sofreu muitas mortificações e torturas físicas, morais e espirituais. No dia 16 de Outubro de 1941, foi torturado pelo chefe (guarda da prisão) Krott e, em seguida pela causa dos maus-tratos recebidos, morreu na enfermaria. Tinha apenas 31 anos de idade. Uma testemunha ocular, Padre  Konrad Szwed, relata: “Meio morto pelo sanguinário Krott, foi baixado no hospital do campo. No dia seguinte fui visitá-lo, mas ele já estava morto, não sei se logo após os espancamentos ou uma injeção letal praticada regularmente em Auschwitz”

Pe.  José, vivendo sua vida consagrada Palotina de modo radical, deu prova contínua de total doação da sua vida “por amor a Deus”. Segundo o que as testemunhas disseram, ele declarou, e não apenas uma vez, de estar pronto para dar a vida pela fé. Não é,  portanto, nenhuma surpresa que, encontrando-se diante do perigo de vida, levava assistência pastoral e sanitária aos feridos e aos moribundos. Durante o interrogatório tomou sobre si toda a responsabilidade, mesmo que não tivesse nenhuma culpa, nem ele nem os outros prisioneiros. Sacrificando-se, queria tirar os coirmãos das conseqüências da prisão. Com base nas testemunhas pode-se constatar que a sua disponibilidade ao sacrifício pelo próximo, atestado pelas obras, pelo sofrimento, pelo tempo na prisão e no campo de extermínio e da morte, é mais do que uma virtude, é um heroísmo, caridade heróica que segue os passos da
caridade de Cristo, porque “não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos” (João 15,13).

A fama do martírio do padre Jankowski, surgida após sua morte, tornou-se sempre mais forte, seja entre os palotinos como também entre os ex-prisioneiros do campo de Auschwitz e em grande parte entre os fiéis que, olhando para o seu caritativo ministério pastoral o estimavam um santo. Expressão de tal fama são os muitos relatos escritos por testemunhas oculares, as celebrações dos aniversários de sua morte, as numerosas publicações sobre ele, e finalmente a própria beatificação que ocorreu no dia 13 de Junho de 1999 em Varsóvia. Também são atribuídos à sua intercessão diversas graças obtidas de Deus.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

São Vicente Pallotti

Na origem da UAC, uma Associação Missionária - Pe. Francisco Todisco

Na origem da União do Apostolado Católico, uma Associação Missionária

 Pe. Francisco Todisco, “La missionarietà in San Vincenzo Pallotti”, palestra proferida no Encontro anual de Formação para Missionários e Missionárias Palotinos, em Roma – Itália, em Maio de 2009.
(Tradução livre do original em italiano)  

Padre Vicente Pallotti deixou duas histórias diferentes sobre a origem da União. A primeira, nós a poderíamos chamá-la como versão externa, oficial e, em certo senso, jurídica, pois se limita a uma sucessão de eventos; já a segunda, poderíamos chamá-la como versão espiritual, ou até mesmo, carismática. Ambas têm elementos comuns, mas entre elas, existem mudanças de interpretação e de sucessão de datas, ou seja, muda-se o tempo dos eventos da fundação. 
1. A Primeira História
A primeira versão dos fatos que registram a fundação é aquela seguida por quase todos os biógrafos:
- no dia 9 de janeiro de 1835, depois da celebração da Santa Missa, durante o Oitavário da Epifania, Pe. Vicente recebe a inspiração da União do Apostolado Católico, mas a mantêm em segredo;
- alguns seus colaboradores, naquele mesmo mês, decidem estampar o livro Máximas Eternas, de Santo Afonso Maria de Ligório, em língua árabe, para enviar ao oriente; para isso, consultam a gráfica da Propaganda Fide sobre o custo;
- Giacomo Salvati recolhe inesperadamente uma soma relevante (cerca de 400 escudos); e tudo isto teria acontecido antes do fim de março de 1835;
- os colaboradores sugeriram criar um grupo responsável para a gestão das esmolas recolhidas;
- Pe. Vicente, então, institui a União do Apostolado Católico, segundo a inspiração de 09 de janeiro de 1835;
- portanto, se seguem as aprovações, primeiro aquelas diocesanas de 04 de abril e de 29 de maio de 1835 e depois, aquela pontifícia, datada no dia 11 de julho de 1835.
Nesta versão histórica tudo, ou quase tudo, teria acontecido depois daquela celebre iluminação palotina do dia 09 de janeiro de 1835.
2. A Segunda História
A segunda história, aquela mais espiritual e carismática, está registrada em um texto de setembro de 1840, conhecido pelo título “Na minha morte”, posterior de quase seis anos daqueles fatos iniciais e que ficou desconhecido por muito tempo. Neste texto, Pe. Vicente declara aos seus coirmãos que o inicio da União do Apostolado Católico estaria lá pelo ano 1834: “Nosso Senhor Jesus Cristo se dignou fazer-me pertencer à Sociedade do Apostolado Católico desde seu início... No ano 1834, privadamente, no início, junto com alguns poucos: assim, em 1835 foi aprovada com um primeiro documento do Eminentíssimo Senhor Cardeal Vigário”. A União, que neste texto sucessivo à aprovação e à supressão da parte do Santo Padre, ele chama de Sociedade do Apostolado Católico, teria existido primeiro como grupo privado já em 1834 e aprovada somente em 1835. E se assim fosse, a coleta de Salvati e as conversas sobre a conveniência em criar um grupo responsável pelas esmolas e a gestão dos fundos para ajudar as missões teria acontecido em 1834. No dia 09 de janeiro de 1835 teria acontecido a inspiração divina para iluminar e mover Pe. Vicente a fundar uma associação de Apostolado Católico, ou seja, universal. Ele assim o fez, estendendo o objetivo da inspiração, pouco a pouco, em sucessivos textos, à associação missionária apenas fundada que, por sua vez, foi acolhendo tais comunicações.
Nesta segunda história, a sucessão de eventos seria a seguinte:
- alguns colaboradores de Pe. Vicente, em 1834, se propõem ajudar as missões com a estampa das Máximas Eternas em árabe, para enviar aos países do oriente; eles consultam a tipografia de Propaganda Fide sobre o custo e Salvati faz uma coleta;
- acha-se conveniente criar oficialmente um grupo responsável pelas ofertas recolhidas para as missões;
- em 09 de janeiro de 1835 acontece aquela inspiração divina, quando então, Pe. Vicente funda uma associação de Apostolado Católico Universal;
- acontece uma comunicação do fato espiritual, e uma sucessiva aceitação da parte do grupo;
- acontecem as aprovações, primeiramente aquelas diocesanas de 04 de abril e de 29 de maio de 1835, e aquela outra, pontifícia, em 11 de julho do mesmo ano.
As diferenças fundamentais entre a primeira e a segunda história são as datas (o tempo cronológico) e o papel da inspiração. Naquela primeira história a inspiração precede e é a raiz de toda a fundação; na segunda, a inspiração é o que qualifica, dando forma eclesial à uma realidade humana pré-existente. Hoje se é propenso em considerar mais provável aquela segunda cronologia, não somente porque o próprio Pe. Vicente nos informou, mas também porque deixa um maior tempo e espaço para as ideias, para as propostas e para a realização das mesmas; e ao contrário, naquela primeira cronologia os eventos parecem suceder-se muito rapidamente.
A nova associação, provavelmente sem um nome ao início, decidiu recolher esmolas não somente para as missões mas também para ajudar na formação de futuros missionários entre não-cristãos, os heréticos e os cismáticos. Tal escopo coincidia, neste primeiro momento, com as várias iniciativas pró-missões que floresciam em toda a Europa, como a Obra de Propagação da Fé de Lião, ou aquela de Paris e ainda aquela outra, a Missionsvereine, nascida em países de língua tedesca. Também, muito provavelmente esta primeira intenção de trabalhos pró-missão do grupo nascente tenha acontecido sob a influência de conversas com Alkusci ou deste e Rafael Mélia juntos. Em definitivo, o objetivo da nova associação, se ao início era em favor da Igreja Caldeia, agora tal escopo se abria a horizontes mais amplos; mas sempre em vista as missões. Assim, um primeiro passo foi o projeto de estampar as Máximas Eternas em árabe e enviar tal edição ao Oriente Médio. A tipografia de Propaganda Fide foi consultada sobre o custo, Salvati recolheu os 400 escudos e, para evitar qualquer suspeito, o grupo não deixou sob a administração de um só, mas se constituiu oficialmente.
No entanto, no dia 09 de janeiro de 1835 Pe. Vicente recebeu aquela inspiração, mantendo-a em segredo, esperando um sinal de Deus para que a revelasse e a concretizasse. É muito provável que no final de março daquele ano Pallotti partilhou com o novo grupo que, por sua vez, acolheu a nova proposta convertendo-se de um grupo que recolhe esmolas para as missões e para os seminários missionários em União do Apostolado Católico. Nesta segunda hipótese, a ideia de Pe. Vicente não teria sido atribuída somente a si, mas a todo o grupo: assim, não seria somente um ato de humildade de Pallotti, o não reconhecer-se o único fundador da obra, mas seria mesmo uma verdade histórica.
Enfim, a origem exclusivamente missionária da União influenciou o desenvolvimento inicial do grupo, depois Pallotti, passo depois de passo, foi estendendo o campo de ação à toda a Igreja. Em ambas as cronologias é bem claro que o início da União do Apostolado Católico foi a missão, foi a missionariedade: propagar a fé católica e consagrar-se também em reavivá-la e a reascender a caridade entre os católicos.

Texto da Inspiração /   09 de janeiro de 1835
“Deus meu misericórdia minha, Vós em vossa Infinita misericórdia me concedeu, em modo particular, promover, estabelecer, propagar, aperfeiçoar, perpetuar, ao menos com o mais vivo desejo de vosso SS. Coração 1. uma pia instituição de Apostolado Universal em todos os Católicos para propagar a Fé e a Religião de J. C. entre todos os Infiéis, não Católicos. 2. de Apostolado oculto para reavivar, conservar, e acrescentar a Fé entre os Católicos. 3. uma instituição de Caridade universal no exercício de todas as Obras de Misericórdia espirituais, e corporais, para que Vós sejais conhecido no homem; já que Vós sois Caridade infinita. Confesso, porém, agora e sempre, diante de Vós, meu Deus, e de toda a Corte Celeste, e a todas as Criaturas passadas, presentes, e futuras, que se até hoje ainda não se promoveu uma tal multíplice Instituição, esta não foi possível por minha culpa, pois não me terias negado as graças, se as pedisse. Hoje, mesmo indisposto e sempre mais indisposto, e indigno espero; ou melhor, estou certo de que chegou o momento de um distinto Triunfo da vossa Misericórdia sobre a minha indisposição, e indignidade. Deus Deus Deus – Misericórdia, Misericórdia – Graças!”                                           
     OOCC X, 196-197.